Arquivo da tag: escultura

matraca

Carl Einstein e a Arte da África

16 outubro, 2017 | Por Isabela Gaglianone

“[…] na forma, a visão ganha uma força que até esse momento tinha sido atribuída apenas ao conceito” – Carl Einstein, trecho de seu romance Bébuquin ou les Dilettantes du Miracle, de 1912.

Carl Einstein, “Negerplastik”

Carl Einstein e a Arte da África, organizado por Elena O’Neill e Roberto Conduru e publicado pela EdUERJ em 2015, reúne os textos pioneiros de Carl Einstein sobre esculturas e objetos africanos e os contrapõem a ensaios de estudiosos e comentadores que buscam contextualizar sua incontestável relevância e sua múltiplas decorrências teóricas. Trata-se de uma publicação de referência para os estudos sobre arte e para reflexões acerca do etnocentrismo museológico que canonicamente rege a crítica de arte.

Poeta de vanguarda, historiador e teórico da arte, escritor, mediador cultural entre França e Alemanha, Carl Einstein (1885-1940) foi o primeiro teórico ocidental a estudar formalmente a arte africana como uma legítima expressão artística.

Seu livro Negerplastik, lançado na França em 1915 [do qual há uma boa tradução para o português, realizada por Fernando Scheibe e Inês de Araújo e publicada pela editora da UFSC, em 2011], compara a estatuária africana ao cubismo europeu na problematização do espaço – destacando a “sinceridade espacial da escultura negra”. Intelectual ativo, Einstein frequentou os ateliers dos pintores cubistas e manteve uma amizade suradoura com Daniel-Henry Kahnweiler; foi cofundador da revista Documents, em 1929, junto com Georges Bataille, Michel Leiris, Georges Wildenstein e Georges-Henri Rivière. Continue lendo

Send to Kindle
Artes Plásticas

Natureza ambígua

17 novembro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

escultura de Cícero Alves dos Santos, o “Véio”

A arte contemporânea tornou menos nítidas as fronteiras entre o mundo e o museu. Instalações nas ruas, grafites nas galerias, artes de deriva são exemplos. Também o é uma arte considerada por muitos ingênua, composta por esculturas feitas com madeira encontrada na mata por um artista popular sergipano, exibida em São Paulo até dezembro, que provoca o ressurgimento da questão sobre a validade artística: o delicado trabalho de Cícero Alves dos Santos, o Véio, rompe preconceitos e apaga a suposta linha divisória entre arte popular e erudita.

Feitas sobretudo com galhos, troncos e raízes, suas esculturas ganham exposição na Galeria Estação, com curadoria do crítico Rodrigo Naves, e também uma bela análise, no livro Véio – Esculturas, publicado pela WMF, com textos do crítico. Tanto a exposição quanto a publicação do livro visam proporcionar uma ampliação da recepção da potência significativa da obra deste artista. O livro sugere que diante dos trabalhos de Véio, artista visionário que, vivendo em uma região em que são rígidos os limites entre campo e cidade os extrapola, estabelecem-se questões amplas sobre a conceituação do que seja arte.

Continue lendo

Send to Kindle
Artes Plásticas

“o trabalho vem do trabalho”

2 junho, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Desenho de Richard Serra.

A exposição Richard Serra: desenhos na casa da Gávea, composta por 96 obras selecionadas pelo próprio artista, foi inaugurada na sexta-feira, dia 30 de maio, e permanecerá aberta ao público até dia 28 de setembro, no centro cultural do Instituto Moreira Salles no Rio de Janeiro. A mostra foi especialmente concebida para o local, a antiga residência do embaixador Walther Moreira Salles (1912-2001), patrono e criador da instituição. Richard Serra, considerado por alguns críticos como um dos mais importantes artistas contemporâneos, para instalar seus desenhos no local solicitou a remoção de algumas paredes falsas, construídas sobre as paredes de vidro do projeto original para que o espaço abrigasse exposições. Os desenhos foram escolhidos a partir da escala da casa, “um espaço doméstico”, segundo Serra, para que entrassem em diálogo direto com o projeto modernista criado pelo arquiteto Olavo Redig Campos, em 1948, caracterizado pela transparência, que permite a interação dos interiores com os jardins planejados por Burle Marx.

Concomitante à abertura da exposição, na semana passado o IMS lançou o livro Escritos e entrevistas, 1967-2013, de Richard Serra. O conjunto de textos, em sua maioria inéditos em português, apresenta um panorama das preocupações do artista e do desenvolvimento do seu trabalho ao longo dos últimos quarenta anos.  Continue lendo

Send to Kindle
Artes Plásticas

Leilões de Arte

27 abril, 2009 | Por admin

Se você mora em São Paulo, é um entusiasta das artes plásticas, possui as noites livres para tomar algumas doses de whisky, champagne ou vinho branco, deveria, sem medo de se arrepender, frequentar os leilões de arte da capital. Hoje mesmo, dia 27 de abril, há dois leilões programados para as 21hrs. Escolha o mais próximo:

TABLEAU LEILÃO DE ARTE – 480 obras de artistas brasileiros e estrangeiros clássicos, modernos e contemporâneos, entre pinturas, esculturas, gravuras e outros itens. Há obras de artistas como Di Cavalcanti, Vicente do Rego Monteiro, Alfredo Volpi, Milton Dacosta, Aldemir Martins, Mira Schendel, Rubens Gerchman, Emanoel Araujo e outros. (r. da Consolação, 2.925)

ALOÍSIO CRAVO ARTE & LEILÕESLeilão de Arte Cinética, com 100 obras de 12 artistas, entre eles Carlos Cruz-Diez, Julio Le Parc, Almir Mavignier, Jésus-Rafael Soto e Victor Vasarely. (Hotel Unique na Av. Brigadeiro Luis Antonio, 4.700)

Geralmente você recebe gratuitamente um catálogo com as obras que vão a leilão para acompanhar durante o evento.

Send to Kindle
Artes Plásticas

Exposição Franz Weissmann: Errata

2 fevereiro, 2009 | Por admin

Ontem, dia 1 de fevereiro de 2009, foi o último dia da exposição Franz Weissmann, experimentação e lirísmo, no Instituto Tomie Ohtake, aqui em São Paulo.

Vagando entre as esculturas da exposição, podia-se contemplar, no corredor à direita, ao lado do Cubo Vazado de aço inox, um grande painel informativo. Dividido cronologicamente, o painel contemplava os acontecimentos mais marcantes da década de 1950 nas seguintes categorias: panorama político internacional, panorama artístico internacional, panorama artístico brasileiro, panorama político brasileiro e a biografia de Weissmann.

Olhando de perto o ano de 1951, lia-se, entre os acontecimentos do mundo da arte no Brasil neste ano, o seguinte: “O artista Samson Flexor dá início às atividades do Atelier Abstração, em São Paulo. Integrantes: Waldemar Cordeiro, Luiz Saciolotto, Geraldo de Barros, Lothar Charoux, entre outros.”

Estive pesquisando, nos últimos dias, justamente sobre a criação do Atelier Abstração pelo imigrante romeno Samson Flexor, em decorrência da exposição de Leopoldo Raimo, na Pinacoteca, que foi o primeiro aluno do Atelier.

Surpreendeu-me o fato de não ter achado, ainda, nenhuma referência aos artistas citados pelo texto do painel na pesquisa sobre o Atelier Abstração. Mais surpreendente ainda é, percorrendo o painel, ler o mesmo conjunto de nomes, na mesma ordem, ligados à formação do Grupo Ruptura, em 1952. Esta sim é uma informação correta, mas que sugere o uso do recurso copiar e colar dos nomes dos artistas, sem usar a criteriosa ferramenta da pesquisa bibliográfica.

Se, por acaso, eu cometi uma injustiça tremenda e as informações estão todas corretas, peço imensas desculpas e retrato a palavra empenhada. Caso contrário, resta-me pedir ao curador da exposição, Marcus de Lontra Costa, e a seus pesquisadores, que façam o mesmo.

A Resposta

Senhor Tiago Pavan,

Agradecemos suas observações e retransmitimos resposta do responsável pela cronologia.
Atenciosamente,
Instituto Tomie Ohtake

*****************

Desculpe-nos pelo equívoco.
Realmente houve um erro de digitação e revisão em nosso texto cronológico sobre a década de 1950 nas artes plásticas brasileiras.
Os principais integrantes ou artistas próximos do Ateliê Abstração (1951) dos quais temos notícia foram: Leopoldo Raimo, Jacques Douchez, Norberto Nicola, Wega Nery e Alberto Teixeira.
Por mais que alguns dos artistas que fundaram o Grupo Ruptura em 1952 tenham freqüentado o grupo de Flexor, obviamente não justifica sua menção em nossa linha do tempo como principais participantes do Ateliê Abstração.

Alvaro Seixas

[ad#ad_posts]

Send to Kindle