Arquivos da categoria: história

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Micro-história

28 maio, 2015 | Por Isabela Gaglianone
fotografia de Sâo Paulo, entre as décadas de 1930 e 40.

fotografia de Sâo Paulo, entre as décadas de 1930 e 40.

Uma pesquisa de história cuja investigação começou por uma lembrança da infância. O crime do restaurante chinês, do historiador Boris Fausto, recorre aos arquivos da história e de sua memória pessoal para narrar um dos acontecimentos policiais mais comentados da história paulistana. Ele era ainda menino quando, logo após um animado carnaval de rua, ouviu a rumor que se espalhava pela cidade: um homem negro era acusado de matar o ex-patrão e mais três pessoas com terríveis golpes de pilão.

A escrita de Boris Fausto narra todo o processo policial investigativo com a desenvoltura de um romance.  Continue lendo

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História das ideias

20 maio, 2015 | Por Isabela Gaglianone
Gilberto Freyre

Gilberto Freyre

O livro Cenário com retratos – Esboços e perfis, de Antonio Arnoni Prado, reúne ensaios que investigam a trajetória, tanto pessoal como criativa, de autores brasileiros, para refletir, a partir delas, sobre a maneira como são traçados historicamente no Brasil os percursos em busca da autonomia intelectual.

Alguns dos autores analisados são Lima Barreto, Mário de Andrade, Gilberto Freyre e Erico Verissimo. Arnoni Prado, que é professor da Unicamp, traça aqui um interessantíssimo panorama, tecendo uma crítica literária, cultural e histórica. Seu cenário – a constituição histórica e social – do Brasil é, pois, pontuado por retratos de figuras marcantes da cultura brasileira.

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Histórias de fantasma para adultos

18 maio, 2015 | Por Isabela Gaglianone

Botticelli

 Lançamento pela Companhia das Letras, Histórias de fantasma para gente grande é uma coletânea de nove textos do historiador da arte alemão Aby Warburg (1866-1929). Os textos, entre ensaios, palestras e esboços, produzidos entre 1893 e 1929, foram reunidos e selecionados pelo sociólogo Leopoldo Waizbort, professor da Universidade de São Paulo. O conjunto abrange momentos de toda a vida intelectual de Warburg, de seus primeiros escritos até o derradeiro.

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Escatológico e histórico

5 maio, 2015 | Por Isabela Gaglianone

Gustave Doré

Novo lançamento de Giorgio Agamben no Brasil, O mistério do mal reflete sobre a renúncia do papa Bento XVI, interpretando-a através de uma articulação teológica e política, ao mesmo tempo que escatológica e histórica. O filósofo italiano encontra, sob sua análise, a problematização da crise da sociedade e das instituições contemporâneas, na qual é ponto crucial uma confusão entre legalidade e legitimidade. Sua reflexão também recai sobre o atual papel da Igreja.  Continue lendo

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Um povo fora da história

31 março, 2015 | Por Isabela Gaglianone
fotografia de Josef Koudelka, do livro "Gypsies"

fotografia de Josef Koudelka, do livro “Gypsies”

Alvo de preconceito e estigma canonizados, os ciganos, porém, mantém sua marginalidade por entenderem-na como necessária para evitar a contaminação com a impureza – mahrime – daqueles que não são ciganos, para manterem seus costumes e suas tradições. A pátria dos ciganos é a sua língua –romani – e, seu lugar, é a extensão da memória dos ancestrais. A história dos ciganos é repassada pela oralidade. Em Enterrem-me de pé, estudo sociológico e histórico sensível e interessante, a jornalista Isabel Fonseca desvela um mundo escondido, a um só tempo ignorado e secreto, perseguido e oculto, resgatando a presença cigana na Europa centro-oriental – sobretudo Romênia, Albânia e Bulgária – e sua rica cultura.

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Bastidores da guerra

17 março, 2015 | Por Isabela Gaglianone
Marie Vassiltchikov

Marie Vassiltchikov

A princesa russa Marie Vassiltchikov (1917 – 1978) cresceu e viveu no exílio com sua família: seus pais, o príncipe Illarion e a princesa Lydia Vassiltchikov, deixaram a Rússia na primavera de 1919, e refugiaram-se, vivendo entre a Alemanha, a França e a Lituânia. Quando a Segunda Guerra Mundial começou, Marie estava na Alemanha com uma de suas irmãs, passando o verão na casa de campo de uma amiga. Em janeiro de 1940, as duas irmãs mudaram-se para a capital alemã, à procura de trabalho, e, assim, começam os Diários de Berlim (1940 – 1945), que narram os bastidores da Operação Valquíria e que a editora Boitempo acaba de lançar no Brasil, para marcar as comemorações de cinquenta anos do fim da guerra.

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Brasil “para além de si mesmo”

12 março, 2015 | Por Isabela Gaglianone

“O tráfico atlântico passa a ser afro-americano por definição, não porque signifique uma migração forçada de africanos para a América, mas sim e principalmente porque desempenha funções estruturais nos dois continentes” – Manolo Florentino.

Hansen Bahia, gravura da série "Navio Negreiro"

Hansen Bahia, gravura da série “Navio Negreiro”

O estudo Em costas negras – Uma história do tráfico negreiro de escravos entre a África e o Rio de Janeiro (séculos XVIII e XIX), de Manolo Florentino finalmente volta às livrarias brasileiras. Vencedor do Prêmio Arquivo Nacional de Pesquisa em 1993, foi editado a primeira vez pela Companhia das Letras e esteve durante um tempo esgotado; agora, a Editora Unesp lança sua nova edição.

A obra apresenta uma significativa revisão da história do tráfico negreiro escravista, analisando as estruturas política, social e econômica tanto no Brasil quanto na África, que o deslocamento de cerca de 10 milhões de africanos entre os séculos XVI e XIX. Continue lendo

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Levando água pelo peito

28 janeiro, 2015 | Por Isabela Gaglianone

A Companhia das Letras reeditou no final do ano passado Monções, estudo de Sérgio Buarque de Holanda, publicado originalmente em 1945, a respeito das expedições coloniais portuguesas pelos rios do sudeste e centro-oeste brasileiro, nos séculos XVIII e XIX.

Esta nova edição acrescentou ao livro um segundo volume, Capítulos de expansão paulista, uma coletânea, de organização inédita realizada pela historiadora Laura de Mello e Souza André Sekkel Cerqueira, de fragmentos do projeto do autor de ampliar o texto de Monções, com novas informações recolhidas ao longo de pesquisas posteriores, realizadas em Cuiabá e Lisboa. O título faz alusão a uma série de escritos inacabados de Sérgio Buarque de Holanda, como Capítulos de literatura colonial e Capítulos de história do Império.

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A distância e a retórica

19 janeiro, 2015 | Por Isabela Gaglianone

Odilon Redon

O historiador Carlo Ginzburg, em Olhos de Madeira – Nove Reflexões Sobre a Distância, parte da premissa aceita pelo senso comum de que as fronteiras do nosso mundo parecem estar diminuindo, dadas as proporções da globalização. O convívio com diferentes culturas é uma dificuldade latente a este processo, apesar de que, historicamente, gera estranhamentos intelectualmente profícuos: há uma longa tradição, que encontra no olhar do estranho – do selvagem, do cego, do animal –, a capacidade de mostrar incoerências da sociedade. Nessas “Reflexões sobre a distância”, Carlo Ginzburg reflete sobre essa tradição e aponta a impossibilidade da narrativa da história europeia que desconsidera os seus contatos com outras civilizações.

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História filosófica

18 dezembro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

“Se nem todo filósofo deve ser historiador, seria ao menos desejável que todo historiador se tornasse filósofo” – Edward Gibbon.

Afresco de Pompeia

Ensaios de história, de Edward Gibbon, acaba de ser publicado pela editora Iluminuras, sob a tradução cuidadosa de Pedro Paulo Pimenta. O livro reúne textos da juventude do historiador, conhecido sobretudo pelo estudo clássico Declínio e queda do Império Romano. Alguns dos ensaios reunidos no volume são “Ensaio sobre o futuro da história”, “Dos triunfos romanos”, “Situação da Germânia antes da invasão pelos bárbaros” e “Maneiras das nações pastoris”. Gibbon é exemplar representante de uma concepção e um método da história filosófica, como praticada por seus predecessores, Tácito, Montesquieu, Hume.

Pedro Pimenta, também responsável pelo texto de apresentação, pontua a relevância dos textos como complementos à edição condensada brasileira de Declínio e queda (cuja tradução, segundo ele, é “um clássico de José Paulo Paes”, mas exclui duas dissertações de interesse para essa tese geral, uma delas sobre os germânicos, a outra sobre os citas, ou hunos, ambas incluídas neste volume). Pimenta pontua: “O volume que o leitor tem em mãos traz pela primeira vez em língua portuguesa esse escrito de juventude, cujo caráter polêmico e estilo vigoroso caem bem a um jovem autor cheio de ambição e confiança”.

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História intelectual e política

30 outubro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

O historiador Tony Judt, morto em 2010, vítima da rapidamente degenerativa Esclerose Lateral Amiotrófica, dedicou-se durante sua vida a pensar o mundo moderno e o contemporâneo, sempre através de uma prosa clara e precisa. Ao final da vida, já debilitado pela doença, ainda teve tempo de produzir um livro inédito, Pensando o século XX. Trata-se de uma série de conversas que Judt travou durante meses com seu amigo e colega, o historiador Timothy Snyder, que as gravou. Os temas discutidos são baseados em textos e tendências cuja discussão encontrou-se em voga durante todo o século XX, analisados sob suas visões intensamente críticas; por seus comentários, o século visto através de suas principais ideias e pensadores. São presenças constates nas reflexões Eric Hobsbawm, Leszek Kolakowski, a “banalidade do mal” conforme pensada por Hannah Arendt, o “liberalismo do medo”, de Judith Shklar. Judt examina triunfos e fracassos de intelectuais proeminentes, colocando suas ideias à luz de seus compromissos políticos. Também coloca importantes reflexões morais cuja repercussão estende-se ao século XXI. Judt e Snyder ultrapassam a análise do passado para pensar o presente e o futuro.  Continue lendo

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Pelas fronteiras coloniais

26 maio, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Manuscrito de Francisco José de Lacerda e Almeida

O livro Francisco José de Lacerda e Almeida – Um astrônomo paulista no sertão africano é um interessante estudo sociológico, antropológico, histórico e biográfico, realizado por Magnus Roberto de Mello Pereira e André Akamine Ribas.

Lacerda e Almeida, como muitos brasileiros no século XVIII, estudou na Universidade de Coimbra, na qual estudou Matemática e Astronomia. Assim que se formou, foi contratado pela coroa para integrar a comissão de demarcação das fronteiras entre os territórios americanos de Portugal e Espanha, pelo que passou dez anos no Mato Grosso. Lacerda e Almeida posteriormente voltou a Portugal, onde se tornou professor de astronomia; em 1797 foi incumbido de atravessar a África, de Moçambique a Angola. Morreu no sertão africano, sem conseguir cumprir sua missão. A demarcação das fronteiras da América do Sul e a expedição de travessia da África estão entre as maiores aventuras científicas do século XVIII.

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Idade d’Ouro

23 abril, 2014 | Por Isabela Gaglianone

O livro Um tipógrafo na Colônia, do jornalista Leão Serva, é um relato histórico e jornalístico da história de seu tataravô, Manoel Antonio da Silva Serva (1760-1819), que foi o criador do primeiro jornal não-oficial publicado e editado no Brasil, em 1811, o “Idade d’Ouro”, bem como da primeira revista nacional, “Variedades ou Ensaios de Literatura”, publicada em 1812. Fundada em Salvador, sua tipografia foi a primeira de propriedade particular no Brasil-colônia.

Apesar dos feitos editoriais, bem como de seu pioneirismo, Silva Serva é hoje mais conhecido por ter popularizado as famosas fitinhas do Senhor do Bonfim, cuja origem é também descrita no livro.  Continue lendo

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Temível pirata

11 abril, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Khair ed-Din (1470-1546), cujo nome significa “protetor da fé”, de cabelo e barba ruivos passou a ser conhecido e temido em todo o Mediterrâneo como Babarossa, o pirata. Escrito por Ernle Bradford, este volume é um interessante estudo histórico desvendando essa figura mítica e extraordinária, a própria personificação do que viria a ser eternizado como a temível figura do pirata.

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Entre a história e a poesia

28 março, 2014 | Por Isabela Gaglianone

O tema deste livro é a tradição moderna da poesia. A expressão não só significa que há uma poesia moderna, como que o moderno é uma tradição. Uma tradição feita de interrupções, em que cada ruptura é um começo. Entende-se por tradição a transmissão, de uma geração a outra, de notícias, lendas, histórias, crenças, costumes, formas literárias e artísticas, idéias, estilos; por conseguinte, qualquer interrupção na transmissão equivale a quebrantar a tradição. Se a ruptura é destruição do vínculo que nos une ao passado, negação da continuidade entre uma geração e outra, pode chamar-se de tradição àquilo que rompe o vínculo e interrompe a continuidade?

 

Octavio Paz, poeta, crítico e ensaísta dos mais relevantes do século XX, tem no Brasil parte de sua obra crítica relançada pela Cosacnaify, em parceria com a editora mexicana Fondo de Cultura Económica. Continue lendo

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