Arquivos da categoria: Últimas

Literatura

Os Cartéis da Literatura

7 fevereiro, 2009 | Por admin

Lendo recentemente a edição online da revista N+1, sobre a qual publiquei um tópico aqui no meia – Suplemento de Resenhas da N+1 -, me deparei com um artigo que “sugeria” que poderia haver uma parceiria entre o National Book Critics Circle, sobre o qual escrevi aqui, e a Amazon Breakthrough Novel Award.

O artigo me lembrou de um outro artigo que escrevi em meu blog também “sugerindo” uma Formação de cartel nos prêmios literários de língua portuguesa.

Recomendo que leiam o artigo do N+1 e o meu artigo no blog e reflitam sobre essas tendências mercadológicas do mundo dos livros.

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gaza

Guerra civil no Sri Lanka

7 fevereiro, 2009 | Por admin

Recebi agora a pouco o newsletter da Avaaz.org, que “é uma organização independente sem fins lucrativos que visa garantir a representação dos valores da sociedade civil global na política internacional em questões que vão desde o aquecimento global até a guerra no Iraque e direitos humanos”. Conheci a organização nos dias de cobertura do ataque Israelense à Faixa de Gaza, e gostei do projeto.
Guerra Civil em Sri Lanka

Nesta edição do newsletter, o tema é a o Sri Lanka, “onde acontece a guerra civil mais longa e esquecida da Ásia, que em seus momentos finais está colocando em risco aproximadamente 250.000 civis, presos no fogo cruzado entre o governo e os rebeldes.”

O texto vem acompanhado de 4 links que esclarecem os acontecimentos do conflito no Sri Lanka:

Saiba mais a guerra do Sri Lanka:

Cruz Vermelha alerta para crise humanitária em meio à guerra no Sri Lanka:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u495342.shtml

Sri Lanka: Ban Ki-moon preocupado com a segurança dos civis afectados pelos combates:
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Interior.aspx?content_id=1121655

ONU atende feridos no Sri Lanka; indiano se mata em protesto contra ofensiva:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u495957.shtml

Exército do Sri Lanka prestes a acabar com resistência dos Tigres Tamil:
http://www.euronews.net/pt/article/04/02/2009/tamil-tigers-urged-to-surrender/

E convida o leitor-assinante a pedir para a Secretária do Estado dos EUA Clinton, a principal diplomata do Obama, apoiar os civis ameaçados no Sri Lanka, através do link:

http://www.avaaz.org/po/sri_lanka_civilians

A parte que todos conhecem dos suplementos de viagem nos jornais brasileiros: os paraísos do oceano índico

Sri Lanka

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O New York Times está considerando cobrar pelo acesso ao Web Site

3 fevereiro, 2009 | Por admin

3 Fev. (Bloomberg) — A New York Times Co. possivelmente vai cobrar pelo acesso ao website de seu jornal mais importante menos de dois anos depois de ter terminado com o antigo sistema de inscrição online.

O New York Times está considerando cobrar pelo acesso ao Web Site

por Greg Bensinger

“A companhia está analisando se começará a cobrar por todo o conteúdo ou apenas por uma parte do nytimes.com, além de outras opções” disse hoje o editor-executivo Bill Keller numa sessão online de perguntas-e-respostas. A maior parte do site, hoje, é gratuita.

Uma discussão de vida ou morte continua dentro do Times sobre meios de fazer com que os consumidores paguem pelo que criamos”, ele disse. “Informações realmente boas, geralmente extraídas de fontes relutantes, cuja veracidade é testada, organizadas e explicadas — esse material precisa ser pago.”

continue a ler no link (em inglês) : http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=newsarchive&sid=at4KmZvYijEM

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cinema

Rudá de Andrade: Breviário

29 janeiro, 2009 | Por admin

Breviário de Rudá de Andrade (1930 – 2009), crítico cinematográfico, cineasta e escritor, fundador da Sociedade Amigos da Cinemateca, professor da ECA-USP e diretor do MIS:

Guto Lacaz e Rudá de Andrade, em foto de 2004 [Janete Longo/AE]

Rudá de Andrade, crítico cinematográfico, cineasta e escritor, estudou cinema em Roma, trabalhou com diretores como Luigi Comencini e Vittorio de Sica.

Em 1962, depois de retornar ao Brasil, fundou a Sociedade Amigos da Cinemateca – a SAC, entidade civil sem fins lucrativos, foi criada com o objetivo de apoiar a Cinemateca Brasileira no cumprimento de sua missão institucional. Sobre esta instituição, Rudá de Andrade escreveu um artigo para a Folha de São Paulo, entitulado Entidade é mais do que um cinema, onde destaca o valioso acervo fílmico, avançada catalogação desse acervo e expressivo acervo de documentos em papel da Cinemateca Brasileira.

Foi um dos principais nomes do MIS (Museu da Imagem e do Som) de São Paulo, tendo sido seu diretor desde a fundação, em 1970, e ficando no cargo até 1981. Ao mesmo tempo em que dirigia o MIS, Rudá dava aulas de cinema da ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo). Ele teve papel ativo na criação do curso, em 1966.

Paulo Emílio Salles Gomes, também crítico de cinema e professor da ECA, escreveu em um artigo na Unesco, publicado em 1961 no Suplemento Literário de O Estado de S. Paulo, sobre Rudá:

“De mil novecentos e cinqüenta e quatro para cá, a vida de Rudá Andrade esta intimamente associada com o destino da Cinemateca Brasileira. Se um dia essa instituição existir realmente, isto é, quando deixar de ser esse misto de planos otimistas projetados no futuro e de realidades melancólicas de filmes que queimam ou apodrecem no presente, e que dessa existência se queira traçar a história, uma das preocupações centrais do pesquisador deverá ser a figura de Rudá Andrade. O presidente Francisco Luiz de Almeida Salles, os diretores, eu próprio, o conservado-chefe, temos um papel muito grande na luta externa, junto aos poderes públicos, para assegurar a consolidação definitiva da Fundação Cinemateca Brasileira. Mas a vida interna na instituição cultural adquiriu uma tonalidade particular, que emana diretamente de Rudá Andrade. Ele possui uma dosagem rara de qualidades de militante, intelectual, educador, de tato e simpatia.

É sobretudo às suas qualidades de organizador que se devem os empreendimentos que garantiram à Cinemateca durantes os últimos anos, certo brilho e a subsistência. Nunca vi um homem de ação ao mesmo tempo tão paciente, eficaz, polido e implacável. Foi através de Rudá que se recrutou o jovem quadro da Cinemateca, e ai se revelou a sua finura psicológica, o seu gosto atilado pela competência e pela qualidade humana. É um administrador exigente, e os jovens colaboradores, num momento de Fronda, alcunharam-no de Encouraçado Poronominare, em oposição ao que era chamado de Gabinete do Doutor Paulo Emilio. Ao mesmo tempo, porém, Rudá procura um terreno livre para o exercício da rebelião, a sua e a dos outros, seus colaboradores ou não. Estritamente fora das atividades da Fundação, lançou ele, Delírio, revista literária e cinematográfica, da qual já foram publicados dois números. Será melhor esperar o aparecimento de mais alguns, antes de tentar definir a fisionomia e o sentido da publicação. Desde já, contudo, uma vez que o conservador-adjunto da Fundação Cinemateca Brasileira e o editor de Delírio são o mesmo homem, revela-se em Rudá Andrade a vocação hierárquica e anárquica, o exercício da lucidez e o culto do sonho, isto é, ele se transforma na encarnação que nos é mais próxima, do espírito aristocrático moderno.”
fonte: (Priscila D. Carvalho, Secretaria do Audiovisual/MinC)

Rudá foi, também, diretor de documentários como “Pagu” (2001, junto com Marcelo Tassara) e “Renata” (2002). Como escritor, ganhou em 1983 o Prêmio Jabuti por “Cela 3 -°A Grade Agride“, livro relançado em 2008 pela Globo.

fonte: Folha de São Paulo, 29.01.2009, Morre aos 78 o pesquisador de cinema Rudá de Andrade.

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gaza

Dia do Jornalista – contra as atitudes burlescas de Israel

29 janeiro, 2009 | Por admin

Venho convocar todos os jornalistas a manifestarem-se hoje, dia do jornalista, 29 de janeiro de 2009, contra a atitude burlesca de Israel de impedir a entrada da imprensa internacional na Faixa de Gaza.

A ONG inglesa Artigo XIX, batizada em homenagem ao artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que versa sobre o direito de liberdade de expressão do ser humano, expressa em seu site:

“O Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) adotada em 1948 afirma que:

Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e idéias por qualquer meio de expressão.

O Artigo 19 da DUDH cria o direito de liberdade de opinião e de expressão. E parte deste direito é a liberdade para ´procurar, receber e difundir informação´.”

O futuro do jornalismo cultural impresso vem sofrendo inúmeras baixas nos últimos anos. Lembro, com pesar, da extinção do suplemento literário da Folha de São Paulo, descontinuado em 2001, chamado Jornal de Resenhas. Publicou 1200 resenhas de mais de 500 colaboradores escolhidos por suas áreas de especialização. Nós aqui no Brasil tivemos, além do Jornal de Resenhas, dois grandes periódicos culturais que foram a Revista Clima, dos anos 1940, e o Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, no final da década de 1950 – responsável pelo lançamento do manifesto neo-concreto, em 1959.

No âmbito internacional, recebemos ontem a notícia de que o suplemento literário dominical do Washington Post irá terminar em fevereiro: http://30porcento.com.br/blog/?p=378

Resta saber se a internet é capaz – e, na minha opinião, ainda não é – de absorver e estimular todo este material crítico que se esvai, sem que ele se perca no meio da inundação de informações nas quais estamos afogando nosso juízo.

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Suplemento Literário do Washington Post

28 janeiro, 2009 | Por admin

“Ainda não foi oficialmente anunciado, mas pessoas que trabalham lá dentro nos disseram, “É oficial. A última edição do Book World será impressa na edição de 15 de fevereiro de 2009. A partir daí, o conteúdo será dividido entre a sessão Outlook (ponto de vista) e a Style & Arts aos domingos. Resenhas de livros diárias no Style ainda vão continuar. Promete-se que haverá 4 páginas adicionais na seção Outlook para cobertura de livros e uma página adicional em Style & Arts. Isto é o equivalente a 12 páginas de tablóide. (A Book World tinha 16 páginas.) As resenhas de Jonathan Yardleys aparecerão no Outlook. As do Michael Dirda no Style. O corpo de funcionários do Book World será mantido sob a coordenação editorial de Rachel Shea.”

Acabei de receber esta notícia, via Twitter, de que o Suplemento Literário Dominical do Washington Post não vai mais ser publicado.

O texto original: http://bookcritics.org/blog/archive/wapo_update_3/

Não sei se alguém aqui costumava ler a folha há uns 5 anos atrás. Mas nós tinhamos, todo sábado, um suplemento literário chamado Caderno de Resenhas. Tinha um projeto gráfico espetacular, o título e as ilustrações eram do famoso artista mineiro Amilcar de Castro, e o corpo editorial era formado pelo pessoal da Filosofia da USP. É terrível ver essas coisas sumindo. Mesmo com o advento da internet, não há como substituir nada que produza informações de altíssima qualidade.

Fica aqui o meu desgosto por mais um suplemento que morre.

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Literatura

The Abbey Library of St. Gall – Manuscritos Medievais

28 janeiro, 2009 | Por admin

Encontrei esta matéria na Melville House Publishing, de New Jersey, nos EUA: A famosa biblioteca de manuscritos medievais, The Abbey Library of St. Gall, está montando uma biblioteca virtual com todos os 400 textos e manuscritos de valor inestimável, datados de antes de 1000 DC. O programa, cujo nome é “Codices Electronici Sangallenses”, já disponibilizou 251 manuscritos. Eles estão atualizando e extendendo o acesso com frequência em seu website: http://www.cesg.unifr.ch/en/index.htm

A livraria existe, de maneira ininterrupta, há mais de 1200 anos. De acordo com o website: “É a única grande biblioteca de monastério medieval que ainda existe em seu lugar de origem.”

Por exemplo, este maravilhosos manuscrito de uma Bíblia do tempo de Hartmut, Vice-Abade de 850-872 e Abade de 872-883, contendo livros do Velho Testamento Old Testament:

Manuscrito Medieval - Abade Harmut, 880 DC

Manuscrito Medieval - Abade Harmut, 880 DC

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Literatura

Obama e Moby-Dick

27 janeiro, 2009 | Por admin

Após ler o artigo Obama dá força para a literatura, por Antonio Gonçalves Filho sobre a preferência literária do presidente norte-americano pelo livro de Melville, deparei-me com um outro artigo da professora do MIT, Wyn Kelley, que analisa mais profundamente o que Obama pode ter aprendido lendo Moby Dick. Eis a parte que interessa, traduzida:

“Moby-Dick? Dificilmente alguém associaria Obama com o Capitão Ahab, um homem de paixão furiosa determinado à vingança. Ele também não assemelha-se à Ismael. Com vocação para orador como o narrador de Melville, Obama, não obstante, assumiu uma liderança política, enquanto Ishmael prefere o papel de observador.

Talvez ele seja o príncipe de uma ilha, como Queequeg? Sim, ele vem de um ilha distante do Pacífico, mas Obama tomou seu lugar na sociedade Americana como Queequeg nunca o fez. Ele tem, como Bulkington, uma alma que pode “manter a independência aberta de seu mar”? Talvez seja muito cedo para dizer.

Uma possível resposta aparece no livro de Obama, Dreams from My Father. Ao ponderar sobre seu antigo fracasso quando trabalhava como organizador de comunidades em Chicago, Obama descreve-se como “o primeiro imediato em um barco afundando” (166). Chamem-me de Starbuck?

Ismael descreve Starbuck como um “homem ambicioso e determinado.” Ele admira seu valor: “Olhando em seus olhos podia-se ver as imagens que ainda restavam dos perigos severos que ele enfrentou durante a vida.” Ismael presta homenagem à sua “dignidade venerável”, a qual ele associa com o “espírito justo de igualdade, que espalhou um manto real de humanidade sobre todos da minha espécie!”

Starbuck, porém, afunda com o Pequod. Obama tomou o leme do que ele via como um “barco afundando” e guiou-o para Washington.

Analisando mais a fundo, nós podemos concluir que Obama é menos parecido com os personagens humanos de Melville do que com as baleias, que mantém seu equilíbrio em diversas e extensas regiões. “Ó, homem!” diz Ismael, “modele-se conforme as baleias!…Fique tranquilo no equador; mantenha seu sangue fluindo nos Pólos….como a grande baleia, preserve, Ó homem! em todas as estações, a sua própria temperatura.” Talvez nosso novo presidente possua a “rara probidade da forte vitalidade individual, a rara eficiência das paredes grossas, e a rara virtude da imensidão interior” das baleias, para resistir aos perigos da natureza — ou da política Norte Americana.”

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Instituto Brasileiro de Museus – IBRAM

21 janeiro, 2009 | Por admin

Foi publicado no Diário Oficial da União de hoje, 21 de janeiro de 2009, que o Presidente da República sancionou a Lei nº 11.906 que cria o Instituto Brasileiro de Museus – IBRAM, vinculada ao Ministério da Cultura, além de criar 425 (quatrocentos e vinte e cinco) cargos efetivos do Plano Especial de Cargos da Cultura, criar Cargos em Comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores – DAS e Funções Gratificadas, no âmbito do Poder Executivo Federal, e dá outras providências.

A criação do instituto acontece numa época em que todos temos na memória o ano conturbado que foi 2008 para algumas instituições artísticas brasileiras: os roubos do MASP e da Pinacoteca, a polêmica orçamentária da Bienal do Vazio de São Paulo, as pichações – criminosas ou não – da galeria Choque Cultural e etc.

O Art. 3º da Lei versa sobre as finalidades do Ibram; eis as principais:

I – promover e assegurar a implementação de políticas públicas
para o setor museológico, com vistas em contribuir para a organização, gestão e desenvolvimento de instituições museológicas e
seus acervos;

III – incentivar programas e ações que viabilizem a preservação, a promoção e a sustentabilidade do patrimônio museológico
brasileiro;

V – promover o estudo, a preservação, a valorização e a divulgação do patrimônio cultural sob a guarda das instituições museológicas, como fundamento de memória e identidade social, fonte de investigação científica e de fruição estética e simbólica;

VI – contribuir para a divulgação e difusão, em âmbito nacional e internacional, dos acervos museológicos brasileiros;

VII – promover a permanente qualificação e a valorização de
recursos humanos do setor;

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Manifesto: Ciclista morre em São Paulo

15 janeiro, 2009 | Por admin

Da Folha Online: a ciclista Márcia Regina de Andrade Prado, 40, foi atropelada ontem, 14 de janeiro de 2009, por um ônibus na Avenia Paulista, que trafegava no sentido Consolação, por volta das 11h50. Às 15h50, a perícia não havia sido realizada, de acordo com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), que interditou o local.

O Corpo de Bombeiros chegou a ser acionado, mas não chegou a tempo de socorrer a vítima, que morreu no local. As circunstâncias do acidente não foram informadas pela CET.

Homenagem à ciclista Márcia Regina de Andrade Prado, atropelada na Avenida Paulista

Manifesto dos Invisíveis

Motorista, o que você faria se dissessem que você só pode dirigir em algumas vias especiais, porque seu carro não possui airbags? E que, onde elas não existissem, você não poderia transitar?

Para nós, cidadãos que utilizam a bicicleta como meio de transporte, é esse o sentimento ao ouvir que “só será seguro pedalar em São Paulo quando houver ciclovias”, ou que “a bicicleta atrapalha o trânsito”. Precisamos pedalar agora. E já pedalamos! Nós e mais 300 mil pessoas, diariamente. Será que deveríamos esperar até 2020, ano em que Eduardo Jorge (secretário do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo) estima que teremos 1.000 quilômetros de ciclovias? Se a cidade tem mais de 17 mil quilômetros de vias, pelo menos 94% delas continuarão sem ciclovia. Como fazer quando precisarmos passar por alguma dessas vias? Carregar a bicicleta nas costas até a próxima ciclovia? Empurrá-la pela calçada?

Ciclovia é só uma das possibilidades de infra-estrutura existentes para o uso da bicicleta. Nosso sistema viário, assim como a cidade, foi pensado para os carros particulares e, quando não ignora, coloca em segundo plano os ônibus, pedestres e ciclistas. Não precisamos de ciclovias para pedalar, assim como carros e caminhões não precisam ser separados. O ciclista tem o direito legal de pedalar por praticamente todas as vias, e ainda tem a preferência garantida pelo Código de Trânsito Brasileiro sobre todos os veículos motorizados. A evolução do ciclismo como transporte é marca de cidadania na Europa e de funcionalidade na China. Já temos, mesmo na América do Sul, grandes exemplos de soluções criativas: Bogotá e Curitiba.

Não clamamos por ciclovias, clamamos por respeito. Às leis de trânsito colocam em primeiro plano o respeito à vida. As ruas são públicas e devem ser compartilhadas entre todos os veículos, como manda a lei e reza o bom senso. Porém, muitas pessoas não se arriscam a pedalar por medo da atitude violenta de alguns motoristas. Estes motoristas felizmente são minoria, mas uma minoria que assusta e agride.

A recente iniciativa do Metrô de emprestar bicicletas e oferecer bicicletários é importante. Atende a uma carência que é relegada pelo poder público: a necessidade de espaço seguro para estacionar as bikes. Em vez de ciclovias, a instalação de bicicletários deveria vir acompanhada de uma campanha de educação no trânsito e um trabalho de sinalização de vias, para informar aos motoristas que ciclistas podem e devem circular nas ruas da nossa cidade. Nos cursos de habilitação não há sequer um parágrafo sobre proteger o ciclista, sobre o veículo maior sempre zelar pelo menor. Eventualmente cita-se a legislação a ser decorada, sem explicá-la adequadamente. E a sinalização, quando existe, proíbe a bicicleta; nunca comunica os motoristas sobre o compartilhamento da via, regulamenta seu uso ou indica caminhos alternativos para o ciclista. A ausência de sinalização deseduca os motoristas porque não legitima a presença da bicicleta nas vias públicas.

A insistência em afirmar que as ruas serão seguras para as bicicletas somente quando houver milhares de quilômetros de ciclovias parece a desculpa usada por muitos motoristas para não deixar o carro em casa. “Só mudarei meus hábitos quando tiver metrô na porta de casa”, enquanto continuam a congestionar e poluir o espaço público, esperando que outros resolvam seus problemas, em vez de tomar a iniciativa para construir uma solução.

Não podemos e não vamos esperar. Precisamos usar nossas bicicletas já, dentro da lei e com segurança. Vamos desde já contribuir para melhorar a qualidade de vida da nossa cidade. Vamos liberar espaços no trânsito e não poluir o ar. Vamos fazer bem para a saúde (de todos) e compartilhar, com os que ainda não experimentaram, o prazer de pedalar.

Preferimos crer que podemos fazer nossa cidade mais humana, do que acreditar que a solução dos nossos problemas é alimentar a segregação com ciclovias. Existem alternativas mais rápidas e soluções que serão benéficas a todos, se pudermos nos unir para construirmos juntos uma cidade mais humana.

A rua é de todos. A cidade também.

*Este texto coletivo, que cirulou por listas de email, foi assunto de chats e conversas, recebeu centenas de alterações não é uma versão conclusiva nem estática. Como disse um dos autores, talvez nunca existirá uma versão definitiva. Mas a análise e a opinião destes especialistas empíricos sobre as ruas da capital merece ser escutada.

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Música

Jornalismo Cultural OnLine

14 janeiro, 2009 | Por admin

São 3 os comentários deste artigo sobre jornalismo:
1: Na primeira semana de maio será realizado o I Congresso de Jornalismo Cultural no TUCA, em São Paulo. As inscrições  começam dia 15 de janeiro; para inscrever-se fale com Flávia Moreira (11) 3385-3385 ou eventos@revistacult.com.br. Não sei se vai ser muito produtivo, mas vale a pena tentar.

TUCA, em São Paulo

TUCA, em São Paulo

2: O suplemento +Mais da Folha de São Paulo de domingo passado (11 de janeiro de 2009) tratava sobre a Batalha da Informação, usando como ponto de partida o “ataque a Gaza, acompanhado de intensa campanha midiática de Israel, que expõe dilemas do jornalismo na guerra e cacofonia da internet”. (em breve colocarei o link para que se possa ler as matérias do +mais do dia 11)

Quem acompanhou os primeiros dias da invasão terrestre israelense aqui neste blog deve recordar-se da batalha ideológica travada no Twitter e a proliferação de blogs posicionados dos dois lados da guerra.

3: Li o artigo O futuro do jornalismo num blog chamado träsel – o autor é jornalista, professor de Comunicação Digital da Famecos/PUCRS – que me fez lembrar da iniciativa da TV Cultura em “abraçar o webjornalismo participativo”, como disse träsel, no programa semanal Roda Viva. As transmissões acontecem ao vivo pela internet, com uma câmera exclusiva dos bastidores da gravação, um feed do Twitter com a tag #rodaviva e um chat para que os internautas possam fazer perguntas ao sabatinado da noite.

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Seminário Internacional em Comemoração aos 150 Anos de Nascimento de Émile Durkheim

11 novembro, 2008 | Por admin

O departamento de Sociologia da USP organizou um seminário internacional em comemoração aos 150 anos de nascimento do sociólogo francês Émile Durkheim (1858 – 1917) que começa hoje, 11 de novembro, às 19 horas.

Neste ano em que celebramos os 150 anos de nascimento de Émile Durkheim, estamos diante de uma ocasião singular para reunir a comunidade sociológica em torno deste autor sempre tão presente em nossa área, nos cursos de graduação, nas pesquisas, no próprio imaginário sociológico. Este seminário internacional, que reúne alguns dos principais especialistas,  deverá ser uma forma de celebrar e refletir sobre o passado, sobre o presente e, por que não, sobre o futuro da herança durkheimiana, para pensar sobre os limites e possibilidades desta teoria que no decorrer dos anos, de uma forma ou de outra, influenciou nossa maneira de entender a sociologia e de fazer  sociologia.

A celebração acontece até o dia 14 na Sala 08 do Conjunto de Ciências Sociais e Filosofia da FFLCH na USP .

A programação pode ser conferida no folder bem esquisito publicado no site do departamento:  http://www.fflch.usp.br/ds/eventos/folderdurkheim.pdf

E você pode acompanhar as falas ao vivo através do site http://iptv.usp.br/overmedia/Id.do?instance=0&id=uspNjzhXpWKZGUGbC_ti-te7ny33dnnn89rugt9ZgZ0xe4.&type=transmissa – estive testando a transmissão agora e está bem porca.

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O Tigre Branco de Aravind Adiga

11 novembro, 2008 | Por admin

Em sincronia perfeita, a editora Nova Fronteira acaba de lançar no mercado editorial brasileiro o recém-premiado O Tigre Branco, do indiano Aravind Adiga. No último dia 14 de outubro esse romance e seu autor foram nomeados os vencedores do famoso The Man Booker Prize na categoria ficção, e levaram 50.000 libras pra casa.

A sinopse disponível no site da livraria cultura (no site oficial da editora o livro nem cadastrado está) diz: “O protagonista de O Tigre Branco relata o trajeto que percorreu para subir na vida e conseguir se tornar alguém importante no cenário nacional – assassinar seu patrão. Em cartas dirigidas ao primeiro-ministro chinês ele justifica seu crime classificando-o como um ato de empreendedorismo.”

A edição brasileira foi traduzida por Maria Helena Rouanete e está a venda por R$ 34,90. Resta torcer para que a Nova Fronteira leve esse título para a X Feira do Livro da USP que começa amanhã.

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Intervenção Urbana e a Bienal do Vazio

4 novembro, 2008 | Por admin

A Bienal de São Paulo já começou, alguns grupos já fizeram seus protestos no segundo andar oco do prédio da exposição além de vários meios de comunicação já terem veiculado, ad nauseam, matérias, notícias, editoriais, artigos, notas de rodapé e legendas de ilustrações sobre a Bienal do Vazio.

Foi tanta gente dando idéia do que fazer com aquela abundante superfície plana que resolvi dar meu pitaco:

Eu ligo pro Eduardo Srur e encomendo um colete salva-vidas pra enrolar naquele prédio no meio do Ibirapuera.  E o que ele me responde? “Fiz meu próprio caminho. Bienal para quê? Tenho a cidade inteira para explorar”.

Eduardo Srur - Sobrevivência, intervenção urbana

Trocando em miúdos:

elogio do oco

O oco desfaz as dúvidas
quanto ao vazio do que é:
ninguém fica sem recado.
Todos sabemos direito

o que importa a seu respeito.

O oco é fácil e honesto.
Não digo o mesmo do resto.

Rubens Rodrigues Torres Filho

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Uma carta a meus Amigos – Carlos Moore

3 novembro, 2008 | Por admin

Uma carta a meus Amigos

Carlos Moore

Esta carta é para meus amigos e minhas amigas pessoais no mundo; para aqueles/as que, de um modo ou de outro, me conheceram nos últimos quarenta anos; pessoas que sabem exatamente o que tenho agüentado e sabem, também, a que me oponho no que diz respeito a meus princípios e opções políticas. E isso tem a ver com o destino de Pichón, meu livro de memórias, um trabalho árduo ao qual me dediquei por vinte e cinco anos, escrevendo em muitos países onde residi com minha família, enquanto vivendo nas condições de exílio que você bem conhece.

Pichón está programado para ser publicado nos Estado Unidos da América e no Canadá no dia 1 de novembro de 2008.  Porém, deixe-me fazer um alertar sobre o fato de que não será comercializado por quaisquer das cadeias de livraria principais que dominam a distribuição de livros. Assim, não espere encontrar Pichón em qualquer lugar, na data do lançamento, a não ser on-line, na Amazon.com. Isto está relacionado ao espaço que as funções econômicas globais, resultantes de decisões corporativas, fazem, julgando o que é comercialmente lucrativo, à custa da informação socialmente pertinente. E Pichón é, precisamente, informação socialmente pertinente!

O clima atual no comércio de livros imprime um controle sem precedente nas mãos de alguns conglomerados e corporações multinacionais, enquanto que o número de independentes capazes de uma publicação autônoma vai diminuindo cada vez mais. É uma atmosfera totalmente desfavorável para livros como Pichón. Eu acredito que Pichón é da categoria de livros que tratam de assuntos sociais e históricos sérios, que tratam do modo como a sociedade trabalha e como a ordem mundial atual pode afetar gravemente as vidas de indivíduos e, ao final e ao cabo, as vidas de milhões das pessoas.

O controle monolítico da produção do livro e a indústrias de distribuição significa que sempre há menos diversidade nos estoques das livrarias, com cada vez maior quantia de pensadores sendo controlados por poucos, quais sejam as grandes editoras. Os pequenos editores independentes estão sempre em franca desvantagem. A lógica que permite que isto aconteça é simples: livrarias têm a expectativa grandes descontos, e as editoras podem ter de pagar até dezenas de milhares de dólares por título de seus livros que serão expostos em destaque nas lojas. Então, inevitavelmente a concentração será feita naqueles materiais de reconhecido e seguro retorno financeiro, e praticamente nenhum autor negro se enquadra nessa categoria.

Por conseguinte, há uma seleção rigorosa de livros escritos autores negros disponíveis nas lojas. A maioria dos que estão nessa situação, são provavelmente colocados em prateleiras “separadas”, como “assuntos negros” e não ao lado dos assuntos de interesse geral (ou seja “não negro”), onde os autores são simplesmente organizados em ordem  alfabética de A a Z. O que o público em geral raramente sabe é que esses “livros negros” ou “assuntos negros” só conseguem ser admitidos nas lojas quando são sujeitados a esse tipo de catalogação e estratégia de “visibilidade” que os torna invisíveis. É um “segredo declarado” onde o espaço reservado para os/as escritores/as negros/as é freqüentemente em um canto qualquer ou atrás de outras obras; próximo ou atrás dos estudos sobre as mulheres.

Em outras palavras, o tratamento dado a “livros negros” ou a “assuntos negros” identifica os parâmetros de exclusão, de “guetização” e de marginalização que são impostas pela grande economia mundial. Escritores, distribuidores e vendedores normalmente já “sabem” que “os autores minoritários”, que produzem “assuntos minoritários” não serão comprados, que o leitor “popular” não tem interesse neles. Da mesma forma, algumas pessoas afirmam que minorias não contam quando se trata de grandes números. A indústria do cinema tem trabalhado com a mesma falácia, até que Melvin Van Peebles mudou essa lógica com o filme baseado nele mesmo, intitulado “Sweet Sweetback’s Baadassss Song”. Se lembre? Nosso inconformado Spike Lee seguiu o exemplo, quebrando records com seu trabalho de baixo-custo “She’s Gotta Have It.” Se lembra?

Embora a indústria chamada “popular” continue considerando o grande equívoco de que livros ou filmes feitos por negros e outros grupos “minoritários” dizem respeito tão somente a negros e, automaticamente, têm limitações de marketing e de mercado, estou convencido que Pichón – que destrói mitos que têm perdurado por muito tempo e que abre a porta para o entendimento de um dos maiores fenômenos políticos do século XX, é relevante para todos.

As decisões corporativas que mantêm um livro desse porte longe do alcance do público são conseqüências desse tipo de globalização que ocorre por meio de fusões, aquisições e consolidações que empurram os pequenos e médios produtores para fora. Esse processo, que começou nos anos 1980, coloca o destino dos livros à mercê de monstruosos monopólios mega-multinacionais. São eles que agora determinam, para nós, o que é comprado ou lido.

Você entenderá por que eu, como um indivíduo, vislumbro essa como a opção viável para exercitar meu direito de ser ouvido, alcançando uma grande audiência que merece uma oportunidade para conhecer Pichón: eu envio esse apelo a você, pedindo seu apoio por uma rede alternativa que confia no comércio on-line.1 A internet pode ser milagrosa.  Democratizando ferramenta, ela possibilita que vozes contrárias, fora do poder instituído, sejam ouvidas sem censura, sem qualquer impedimento burocrático. Eu preciso da ajuda de meus amigos, e dos amigos de meus amigos, criando um informal “olho no olho”, uma campanha de promoção que venha da base. Só desse modo, Pichón poderá sair do anonimato e os assuntos de que trata poderão ser conhecidos por um público consciente e ávido por eles.

Eu tenho sido um exilado.2 Eu sempre lutei contra as desigualdades. Minhas visões políticas nunca foram comuns, nem coincidiram com os interesses de qualquer situação de poder pré-estabelecido (do “status quo”). Acostumei-me a estar atrás das trincheiras. Mas nesse momento, eu preciso de você comigo, para ajudar-me a tirar da marginalidade esta história não contada, mas verdadeira, sobre uma Cuba negra que existe sob da Revolução. Nós podemos alcançar isso no boca a boca, por e-mail, através dos blogs, dos filmes do YouTube,3 das salas de conversa na internet.  O território on-line é lugar onde a batalha contra a censura, contra o corporativismo pode ser ganha.

Três dias antes de os americanos darem o mais histórico voto de suas vidas, na eleição presidencial de 4 de novembro de 2008, eu lhe peço que lance um outro amável voto, em nome do direito de vozes negras cubanas independentes que precisam ser ouvidas. Entre on-line na amazon.com, no dia 1 de novembro, o dia de publicação de Pichón. Ajudando a tirar o livro da invisibilidade, você participa de um processo de democratização de Cuba que, esperamos, possa conduzir, finalmente, a maioria dos cubanos ao poder.

Meu humilde desejo para Pichón é que possa informar e contribuir para um caminho novo nas relações cubanas, e que aponte alguns possíveis caminhos novos de negociar com o mundo. Dê um voto para a transformação democrática e pacífica de Cuba!

Por favor, vote em Pichón, no dia 1 de novembro de 2008!

Com carinho e muita gratidão, em nome de um mundo melhor para nós tudo.

Carlos MOORE (site oficial: www.drcarlosmoore.com)

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