Arquivos da categoria: Literatura

Literatura

O marechal de costas

13 janeiro, 2017 | Por Isabela Gaglianone

“Emarame. Ato de ir e vir ao mesmo tempo, também o duplo, o indissolúvel movimento, ante o espelho, de um corpo refletido em seu cristal, desde que ambos, corpo e reflexo, sejam contemplados por alguém. Silvino era, na realidade, um enérgico utopista”.

Caricatura de Floriano Peixoto feita por Agostini

Operando no limite entre fato e ficção, O marechal de costas, romance de José Luiz Passos, traça um retrato sem paralelos da história do Brasil.

O livro realiza a crônica da vida íntima e política de Floriano Peixoto, no gosto das amizades e antipatias que guardou por décadas, das humilhações de juventude, da imaginação erótica desabrochada na guerra, de sua obsessão por Napoleão Bonaparte e pela meia-irmã com quem se casou. Em paralelo, há a história de uma cozinheira a quem é atribuído um suposto parentesco com Floriano e que narra sua história. No curso de uma noite, em 2013, após o jantar na casa de um advogado, ela participa de uma longa conversa com um professor falastrão, que ouve a história de sua vida enquanto enxerta casos e teorias sobre a relação entre a política e os afetos. A noite leva todos a participarem de uma passeata de protesto, em meio às manifestações que tomaram o país naquele ano. Sobre sua intenção com a obra, o autor disse, em artigo publicado em sua coluna no blog da Companhia das Letras: “Tentei mostrar como, aos poucos, a relação entre eles revela laços de dependência e ressentimento. Maltratados por traições e pela solidão, suas vidas denunciam, num eco sombrio, o paralelo entre a crise política presente e a era Floriano”.

Passado e presente históricos se intercalam de forma espantosa. Acompanhamos não só um Floriano Peixoto humano e o nascimento da República, como os acontecimentos políticos turbulentos do presente – chegando ao impeachment de Dilma Rousseff, traçando uma espécie de panorama da nossa democracia nos últimos 120 anos. Continue lendo

Send to Kindle
lançamentos

Delírio erótico

1 dezembro, 2016 | Por Isabela Gaglianone

Ilustração de Andrés Sandoval

O romance O supermacho – romance moderno, do poeta e dramaturgo francês Alfred Jarry, acaba de ter a ótima tradução de Paulo Leminski novamente publicada no Brasil pela editora Ubu.

“Fazer amor é um ato sem importância, já que se pode repeti-lo indefinidamente” – é a frase de abertura deste romance provocador. A narrativa se passa em 1920, dezoito anos à frente da data de sua publicação. Irreverente, erótico, repleto de jogos de linguagem e de elementos que o fazem flertar com a ficção científica, relata a saga de um homem capaz de realizar o ato amoroso em escala sobre-humana.

A sexualidade, apesar de presença central no romance, não é a única questão debatida. A relação entre homem e máquina, postos lado a lado, é também problematizada. Por meio do corpo, testam-se limites, sejam sexuais ou esportivos, e confundem-se o prazer físico e o desejo de quebrar recordes. Continue lendo

Send to Kindle
Literatura

Símbolos de mansidão e sacrifício

17 novembro, 2016 | Por Isabela Gaglianone

O medo estava no princípio de tudo.

Fouad El Khoury, “The Flag”, 1982

Um dos finalistas do Prêmio Jabuti deste ano e vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura 2016 na categoria de Autor estreante: A imensidão íntima dos carneiros, de Marcelo Maluf, é um romance sobre o medo e suas consequências; sobre o medo como herança. É uma arqueologia de raízes históricas.

O livro fundamenta-se em uma narrativa que o autor havia escutado do tio há alguns anos, que rompeu com o silêncio de sua família sobre os episódios passados por seus ancestrais no Líbano. Contou-lhe sobre a morte dos irmãos de seu avô pelos turcos, narrou histórias de estavam no subterrâneo da família. No entanto, a narrativa não se restringe a autobiográfica; é permeada pelo imaginário fantástico das fábulas e parábolas do mundo árabe. Os carneiros falam e se transformam em humanos, estão no livro como um símbolo de mansidão e sacrifício.

Um romance sobre reinvenção, transformação e a possibilidade de redenção de uma história familiar. Nesse sentido, compreende-se que o segredo da família levou Marcelo Maluf a entender sua própria narrativa; bem como a compreender que receios são transmissíveis. O medo da ​guerra, o medo de viver em plenitude, o medo do imigrante, o medo do desconhecido, o medo de se conhecer, o medo da morte, o medo do fracasso. O medo como herança familiar sobrevivendo por gerações e se infiltrando no inconsciente da família. Mas é, entretanto, também, um livro sobre redenção, sacrifício e transformação. Continue lendo

Send to Kindle
lançamentos

Um conto, uma peça, um poema

10 novembro, 2016 | Por Isabela Gaglianone

gravura de Iberê Camargo

A editora 34 acaba de lançar Sul, de Veronica Stigger. O volume reúne três textos literários, três gêneros distintos de uma das vozes mais fortes da literatura brasileira atual. Um conto, uma peça teatral curta e um poema formam um instigante quebra-cabeça em que, surpreendentemente, todas as peças se encaixam.

O primeiro texto, “2035”, é um relato de tom kafkiano e sombrio situado num futuro distópico. Já na peça “Mancha”, duas personagens com o mesmo nome, Carol 1 e Carol 2, travam um diálogo entre cômico e absurdo em torno de uma mancha de sangue no chão de um apartamento. Por fim, o longo poema “O coração dos homens” se constrói sobre memórias de infância em que se confundem verdade e mentira, fato e ficção. Ligando os três textos, sangue, muito sangue, e um uso extremamente consciente e singular da linguagem, que, do trágico ao cômico, do melancólico ao escatológico, encontra sempre a forma e o tom precisos. Publicado originalmente na Argentina, em 2013, Sul é lançado agora em português – porém, acrescido de um texto oculto, que caberá ao leitor desvelar.

Continue lendo

Send to Kindle
Literatura

O caso Meursault

8 novembro, 2016 | Por Isabela Gaglianone

“Imagine só, meu irmão poderia ter ficado famoso se o seu autor tivesse ao menos dignado a lhe atribuir um nome, H’med, Kaddour ou Hammou, apenas um nome, ora! Mamãe poderia ter conseguido uma pensão como viúva de mártir, e eu teria um irmão conhecido e reconhecido do qual poderia me vangloriar. Mas, não, ele não lhe deu nenhum, porque, senão, meu irmão criaria um problema de consciência para o assassino: não se mata um homem facilmente quando ele tem um nome”.

Romance vencedor do Goncourt, principal prêmio literário da França, O caso Meursault, do jornalista e escritor argelino Kamel Daoud, foi lançado no Brasil pela Biblioteca Azul da Editora Globo em julho deste ano, com tradução de Bernardo Ajzenberg. Aclamado pela crítica francesa, também vencedor dos prêmios Cinco Continentes e François Mauriac, o romance reescreve a história do assassinato descrita n’O estrangeiro, de Camus, porém, sob o ponto de vista do irmão do árabe morto na praia por Meursault, o protagonista camusiano.

Continue lendo

Send to Kindle
Crítica Literária

Um desdobramento possível: Vilas-Novas e Monteiro

15 outubro, 2016 | Por Isabela Gaglianone
Guignard

Guignard

Por um desdobramento possível, as Flores de vidro, da mineira Geny Vilas-Novas, encontram um interessante contraponto n’O que não existe mais, do paranaense Krishna Monteiro, se os propomos a dialogar sobre a ausência, tema tônico para ambos autores, no romance da primeira e nos contos do segundo. Cada qual à sua maneira, com profundidade e lirismo, encaminha sua prosa por entre formas que o sentimento de perda pode assumir: a morte, a separação, as mudanças, o tempo passado, a irrealidade, a desilusão, o que passa e o vão que deixa como rastro que marca fundo uma existência. Cada um destes dois autores brasileiros, à sua maneira, exprime o convívio vívido, cotidiano, da negação que surge do confronto espontâneo entre a translucidez daquilo que não mais existe e a concretude, vítrea, de sua percepção. Ambos retumbam silêncios e, neles, esculpem personagens que sofrem a nostalgia de tempos idos, repleta de sutis sinais, muitas vezes apenas sugeridos, que tecem o fio do relato do passado.

Os dois livros, emocionalmente densos, reúnem elementos afetivos concretos a esta nostalgia; Krishna Monteiro, com tom irônico, suscita em seus contos uma sensação fantasmagórica cujo senso de humor noir perpassa veredas lúdicas, que por vezes tocam o surreal e que beiram sempre o obscuro – a névoa, o que há debaixo da espuma do mar, a iminência do ato suicida, as tintas antigas, um ontem distante. Geny Vilas-Novas, com uma prosa delicada, de um lirismo límpido, ilumina os detalhes em que o olhar que quer situar-se em relação ao passado demora-se, em contemplação que é-lhe narrativa sensorial de tudo o que o tempo leva – criando um movimento espiralado que resguarda em si a eternidade enquanto entrelaçamento de diversos tempos, de diversos passados, memórias sobrepostas que deflagram uma rima interna de melancolia visceral. Continue lendo

Send to Kindle
lançamentos

O homem sem doença

28 setembro, 2016 | Por Isabela Gaglianone

“Após o banho, senta-se no chão de pernas cruzadas, diante da janela, para olhar a vista da cidade. Já não sabe se deve estar satisfeito ou insatisfeito, se deve estar feliz ou se abandonar ao pressentimento de tristeza que se situa em algum ponto de seu íntimo. Como quando se sente uma forte vontade de fazer xixi, mas não sai nada: tal é a sua tristeza.”

gravura de Paul Klee [água-tinta]

O aclamado escritor holandês Arnon Grunberg encerrou neste domingo o ciclo de encontros e conversas com o público que realizou em São Paulo e Santos para o lançamento de O homem sem doença, agora publicado no Brasil pela editora Rádio Londres, com tradução de Mariângela Guimarães.

O romance é um impiedoso ato de acusação contra o idealismo e a hipocrisia do Ocidente. Característica comum nos romances de Arnon Grunberg, a um só tempo diverte e choca o leitor.

Como bem disse o escritor e crítico Carlos Schroeder, em sua coluna de literatura no jornal Diário Catarinense: O homem sem doença é uma crítica ao mesmo tempo trágica e cômica à época em que vivemos, com profundas reflexões sobre justiça, humilhação, falso senso de segurança e os excessos da arquitetura moderna. Mais um grande livro deste autor contundente e indispensável”.

Continue lendo

Send to Kindle
lançamentos

Conversações com Goethe

19 setembro, 2016 | Por Isabela Gaglianone

– Só nos causa espanto – replicou Goethe – porque nosso ponto de vista é demasiado estreito para nos permitir compreendê-lo. Se ele nos fosse ampliado, talvez constatássemos que também esse aparente desvio provavelmente se encontra no âmbito da lei. Mas continue, conte-me mais. Sabe-se, por acaso, quantos ovos o cuco pode pôr?

Leonardo da Vinci, Estudo preliminar para a pintura “Battaglia di Anghiari” (1503-1504)

Conversações com Goethe nos últimos anos de sua vida – 1823-1832, de Johann Peter Eckermann (1792-1835), acaba de ganhar uma edição primorosa no Brasil pela Editora Unesp, com tradução de Mario Luiz Frungillo, professor de Teoria Literária na Unicamp. Trata-se, como disse Otto Maria Carpeaux, de um testemunho da universalidade de interesses, da lucidez de julgamento e da sabedoria octagenária do grande poeta. Para Benjamin, as Conversações tornaram-se “um dos melhores livros em prosa do século XIX”.
Continue lendo

Send to Kindle
lançamentos

Entre letras e números

8 setembro, 2016 | Por Isabela Gaglianone

“A matemática, como utilizada na ficção por Borges e Perec, permite ampliar potencialmente essa multiplicidade de mundos possíveis”.

Geraldo de Barros

Jacques Fux arrebatou a crítica literária com seu premiado Antiterapias. Com o lançamento de Literatura e matemática, pela editora Perspectiva, mostra que sua prosa ensaística é tão intensa e arguta quanto a literária.

Questionando, como indica desde o título, que relações a literatura pode estabelecer com a matemática, Fux analisa o papel do conhecimento matemático nas obras de Jorge Luis Borges e Georges Perec e, entre elas, estabelece diálogos e relações nunca desta forma equacionadas, relações em que a disposição dos elementos os reverbera uns nos outros, de forma reciprocamente potencial. Para embasar algumas destas relações, Fux investiga de maneira minuciosa o grupo literário francês OuLiPo, do qual Borges, diz, é espécie de “plagiário por antecipação”.

Continue lendo

Send to Kindle
lançamentos

Sátiras e subversões

24 agosto, 2016 | Por Isabela Gaglianone

Morro Agudo

Noticiam os jornais que os moradores de ‘morro Agudo’, localidade situada à margem da Estrada de Ferro Auxiliar à Central, protestaram contra a mudança de nome da respectiva estação, mudança imposta pela diretoria da Estrada que precedeu à atual.

Vem a pelo lembrar de que forma horrorosa os mesmos engenheiros vão denominando as estações das estradas que constroem.

Podemos ver mesmo nos nossos subúrbios o espírito que preside tal nomenclatura.

É ele em geral da mais baixa adulação ou senão denuncia um tolo esforço para adquirir imortalidade à custa de uma placa de gare”.

Xilogravura de Lívio Abramo

Célebre por grandes obras como Recordações do escrivão Isaías Caminha ou Triste fim de Policarpo Quaresma, Lima Barreto é, no entanto, autor praticamente desconhecido pelo público brasileiro, se levarmos em conta os 164 textos, inéditos em livro, reunidos neste formidável Sátiras e subversões, organizado por Felipe Botelho Corrêa, lançado no início do mês pela Companhia das Letras.

Continue lendo

Send to Kindle
Literatura

A exposição luminosa do lodo não é retórica

18 agosto, 2016 | Por Isabela Gaglianone

gravura de Gustave Doré [1832-1883], ilustração para o “Paraíso perdido”, de Milton.

Vencedor do Prêmio Rio de Literatura, o romance Anatomia do paraíso traz a lume mais uma vez a singular expressividade literária da escritora Beatriz Bracher, através de uma narrativa densa e profunda.

O romance acompanha a história de um jovem estudante de classe média que escreve uma dissertação de mestrado sobre o Paraíso perdido (1667), poema épico de John Milton que narra a queda do homem e a expulsão de Adão e Eva do Paraíso. Sua história, porém, desdobra-se em simultâneos planos, que se encontram, imbricam-se, ressoam-se, amalgamando em si a articulação de suas reflexões sobre a obra de Milton, de sua observação da dura vida de sua vizinha Vanda, que se divide entre trabalho, estudo e os cuidados com a irmã mais nova, de sua percepção do delicado processo de amadurecimento desta última.

A narrativa, por vezes vertiginosa, é dramática na medida em que as trajetórias dos personagens cruzam-se com os temas do Paraíso perdido – sexo, violência, pecado, culpa, traição, morte e redenção. Continue lendo

Send to Kindle
Literatura

A exposição das rosas

20 julho, 2016 | Por Isabela Gaglianone

“[…] eu não morrerei uma vez, mas duas. Que diabo você fica olhando? É uma coisa simples. Agora mesmo poderei interpretar para você uma agonia que deixaria até o Ularik satisfeito. Depois, se necessário, você poderá filmar a agonia verdadeira também. Você terá duas mortes e poderá aproveitar no documentário aquela que estiver melhor”.

Gravura do húngaro Gabor Peterdi [Jane Haslem Gallery]

A Editora 34 reeditou a obra inaugural de sua ótima coleção Leste, publicada originalmente no Brasil em 1993.

A exposição das rosas, do escritor húngaro István Örkény (1912-1979), reúne duas novelas que, exemplares da notória da sátira e humor negro do autor, abordam com ironia a história recente da Hungria – sobretudo satirizando o militarismo e os frágeis valores da classe média. Ambas foram traduzidas diretamente do húngaro por Aleksandar Jovanovic. O volume conta também com prefácio de Nelson Ascher.

Continue lendo

Send to Kindle
Literatura

Ideologia da natureza

7 julho, 2016 | Por Isabela Gaglianone

gravura de Guillaume Azoulay, “Deux Bison”

Butcher’s Crossing, de John Williams, subverte a imagem romântica do West estadunidense.

Na década de 1870, Will Andrews, um jovem de 23 anos, desiste de Harvard e resolve sair da casa paterna, abandonando o opulento estilo de vida da classe média bostoniana. Viaja, então, para o West, em busca de uma forma mais autêntica de viver, para descobrir na natureza o seu “eu inalterado”. Acaba indo parar em Butcher’s Crossing, um pequeno povoado solitário, perdido na vastidão da pradaria do Kansas, reduto de uma pequena comunidade de negociantes de peles e rudes caçadores de búfalos. Em pouco tempo o protagonista trava amizade com um caçador e os dois, com mais outros dois homens, montam uma expedição de caça a búfalos nas Rochosas do Colorado. A caçada, marcada por desafios físicos extremos – sede, frio, calor, exaustão – e por um isolamento quase total, beira os limites da sobrevivência. Para Will Andrews, debilitado pela fadiga e absorto na contemplação da linda paisagem, a aventura representará uma experiência existencial de amadurecimento que, entretanto, é permeada por características quase oníricas.  Continue lendo

Send to Kindle
Literatura

O enigma da obra

30 junho, 2016 | Por Isabela Gaglianone

desenho de Robert Desnos

O agudo ensaio Raymond Roussel. A chave unificada, do argentino César Aira, ganhou no Brasil uma edição muito especial.

No ensaio, Aira afirma que a figura de Roussel para estar fadada aos erros interpretativos de sua própria legião de admiradores e estudiosos:

“Explicitar mais uma vez o famoso procedimento de Roussel é tempo perdido; por mais clara que seja a explicação, sempre ficará um mal-entendido. Roussel é a torre de Babel dos seus intérpretes e estudiosos. De algum modo, ele fez com que todos falem idiomas diferentes. Todo artigo que se escreve sobre ele poderia se intitular: Os erros mais frequentes que se cometem ao falar de Roussel. O preço que se paga por acreditar tê-lo entendido é acreditar que o outro, qualquer outro, o entendeu mal”.

Continue lendo

Send to Kindle
Literatura

O retorno

27 junho, 2016 | Por Isabela Gaglianone

Junho e Julho de 1975, chegada a Lisboa dos retornados das antigas colônias na África [fotografia de Alfredo Cunha]

O romance O retorno é um relato emocionante, da premiada escritora Dulce Maria Cardoso, sobre um aspecto particular da descolonização portuguesa na África, em 1975: a dramática situação de cerca de meio milhão de colonos “retornados” a Portugal.

O protagonista é o adolescente Rui, que com sua família retorna à antiga metrópole, para recomeçarem a vida, a partir de uma situação financeira precária e limitada. O rico cenário da narrativa, o conturbado período de retorno de mais de meio milhão de cidadãos portugueses, durante a descolonização dos antigos territórios ultramarinos na África, faz, deste, um romance extremamente forte e, enquanto referência histórica, incontornável. Continue lendo

Send to Kindle