Arquivos da categoria: fotografia

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Nem tão silencioso

28 agosto, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Miguel Rio BRanco, fotografia de Silent Book

Miguel Rio Branco é um dos principais fotógrafos brasileiros. Ex-fotógrafo da Agência Magnum, já teve seu trabalho contemplado por importantes prêmios internacionais. Boa parte de seus livros, infelizmente no Brasil encontram-se esgotados. A CosacNaify lançou em 2012 uma segunda edição de Silent Book, com textos apenas em inglês.

Neste livro, o fotógrafo constrói um retrato marcante da latinidade, compondo um painel um tanto barroco e dramático, enquadrando objetos arruinados, circos pobres, prostíbulos baratos e academias de boxe. As imagens expõem a vida urbana com um lirismo complexo, contrapondo a violência à delicadeza.

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fotografia

Perscrutações fotográficas

20 agosto, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Fotografia de Stephen Shore

O lançamento A natureza das fotografias, do fotógrafo Stephen Shore, propõe uma educação do olhar para a fotografia. Com tradução de Donaldson M. Garschagen, o livro, que chega ao Brasil pela CosacNaify, oferece uma abrangente reflexão, baseada na vasta experiência do autor como fotógrafo e professor do Programa de Fotografia no Bard College. Stephen Shore explora maneiras de ver e entender qualquer tipo de imagem fotográfica, desde negativos a arquivos digitais, de fotos feitas por desconhecidos até as mais conhecidas e mesmo icônicas, analisando-as através da identificação de níveis de percepção, abordando de maneira técnica, teórica e metafórica conceitos como bidimensionalidade, enquadramento, tempo e foco.

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Documentário imaginário

31 julho, 2014 | Por Isabela Gaglianone

“Escafandro”, 2005, foto de Pedro David, presente no livro “Paisagem submersa”

Paisagem submersa, trabalho realizado coletivamente pelos fotógrafos mineiros João Castilho, Pedro David e Pedro Motta, publicado como livro em 2008 pela CosacNaify, retrata comunidades ribeirinhas, em sete municípios do nordeste de Minas Gerais, que tiveram suas terras inundadas para que se pudesse formar o lago da Usina Hidrelétrica de Irapé, no leito do rio Jequitinhonha – eis o porquê do título. O resultado, interessante e poético, registra a grandiosidade das paisagens em seu contraste com o abandono humano. O conjunto das imagens coloca-se como uma revisão contemporânea da linguagem do fotodocumentário.

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Uma linguagem fotográfica engajada

25 julho, 2014 | Por Isabela Gaglianone

foto de Claudia Andujar, da série “Marcados”

Em 2009 a fotógrafa Claudia Andujar publicou pela CosacNaify o livro Marcados, composto por 85 fotos dos índios Yanomami realizadas entre 1981 e 1983, durante uma viagem de levantamento das suas condições de saúde após o contato com o branco. Para a catalogação dos registros, como os Yanomami não respondem a nome próprio, foi adotado o método, consagrado desde o século XIX para a identificação dos povos nativos, que consiste em uma fotografia do indivíduo com um número preso ao corpo. O conjunto das fotos transformado em livro apresenta-se como um profundo questionamento sobre as relações que povos exercem sobre outros, marcando-os e determinando a extensão de sua sobrevivência.

Claudia Andujar (1931) nasceu na Suíça e vive no Brasil desde 1955. A fotógrafa participará da Flip deste ano, na mesa também intitulada “Marcados”, que dividirá com Davi Kopenawa, representante dos índios Yanomami.

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fotografia

Texturas, figuras, horizontes fluviais

26 junho, 2014 | Por Isabela Gaglianone

fotografia de Marcel Gautherot

Lançado paralelamente à exposição Marcel Gautherot – Norte, que foi realizada nos centros culturais do Instituto Moreira Sales em 2009 e 2010, o livro homônimo apresenta 72 fotografias de Gautherot, com textos de apresentação de Milton Hatoum e Samuel Titan Jr., que foram curadores da mostra.

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Amazônia

11 fevereiro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Pedro Martinelli (foto de “Amazônia O Povo das Águas”)

Amazônia O Povo das Águas é o resultado material de uma pesquisa fantástica do fotógrafo Pedro Martinelli. Além de fotos lindas, o livro traz um trabalho de pesquisa profundo, baseado em muitos anos de imersão do fotógrafo, identificando as principais situações dos povos ribeirinhos.

Pedro Martinelli trabalhou como fotojornalista em vários jornais brasileiros e foi chefe do Estúdio Abril por onze anos. Foi o primeiro fotógrafo a captar uma imagem de um índio paraná Sôkriti, em 1973, na primeira vez em que um membro da tribo ficou frente a frente com um dos expedicionários da expedição pacificadora encabeçada pelos irmãos  Villas Bôas no norte de Mato Grosso e sul do Pará. A viagem tinha por objetivo estabelecer o primeiro contato com os índios kranhacarores, que somente anos depois descobriu-se chamarem panarás. Os panarás ocupavam uma área de floresta pela qual passaria a BR-163, a Cuiabá-Santarém. Martinelli foi enviado pelo jornal O Globo para cobrir a épica viagem dos sertanistas e desenvolveu uma forte afinidade com Cláudio, o mais arredio, sagaz e idealista dos irmãos: “Ele foi meu pai de mato”, disse. “Quando conseguimos fazer o contato, um dos índios ficou na minha frente por apenas dois segundos. Bati duas fotos. A primeira saiu fora de foco e a segunda perfeita”, ele lembra. A foto foi tirada em 1973. Vinte e cinco anos depois, porém, Martinelli voltou à aldeia e encontrou uma cidade fantasma. “Nesse ritmo, a Amazônia acabará em 30 anos”. Há registros em seu blog.

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Cinema político e poético

4 fevereiro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

fotografia: Abbas Kiarostami

Reeditado no final do ano passado, o livro Abbas Kiarostami é a primeira publicação no Brasil consagrada ao diretor iraniano. O volume reúne mais de cinquenta fotos realizadas no Norte do Irã, três textos de autoria do próprio Abbas Kiarostami, além da relação completa de sua filmografia, comentada. Os textos foram separados numa seção intitulada “Duas ou três coisas que sei de mim”, que compreende: “Fotografia e natureza”, no qual o diretor fala sobre sua atividade fotográfica, sobre suas concepções sobre a arte do enquadramento e sobre a paixão pela natureza; “No trabalho”, uma autobiografia, desde a fundação do departamento cinematográfico estatal Kanun até a concepção de seus longas-metragens; “Uma boa boa cidadã”, crônica emocionante sobre a “perseguição” do cineasta a uma menina de rua na Avenida Paulista, que remexe as lixeiras à procura de comida; e, por fim, quatro poemas inéditos.

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Mais que uma catalogação de fôlego

23 dezembro, 2013 | Por Isabela Gaglianone

Vencedor do prêmio Jabuti deste ano, na categoria de Artes e Fotografia, o livro Estou Aqui. Sempre Estive. Sempre Estarei: Indígenas do Brasil suas Imagens (1505-1955), de Carlos Eugênio Marcondes de Moura apresenta uma vasta pesquisa iconográfica da pintura e dos grafismos dos grupos indígenas brasileiros. Publicado pela Editora da Universidade de São Paulo, o livro mostra como as cores, símbolos ou imagens foram por diferentes tribos aplicadas em diversos suportes, como pedra, cerâmica, cascas ou mesmo papel e, com frequência, no corpo humano.

A pintura indígena foi desde os primórdios da colonização relatada por cronistas, retratada por pintores e por viajantes, mas é historicamente recente sua compreensão antropológica e sociológica enquanto fundamentais manifestações simbólicas, estéticas e inclusive políticas nas vidas tribais. As imagens do livro são compostas também de pinturas sobre tela, desenhos, aquarelas, gravuras, litografias, esculturas e fotografia dos grafismos indígenas – reproduções de obras de artistas viajantes e naturalistas, que estiveram no Brasil em diferentes épocas, entre eles, os desenhistas da expedição comandada pelo jovem naturalista baiano Alexandre Rodrigues Ferreira, a conhecida Viagem Filosófica, que durou cerca de oito anos e percorreu parte da Amazônia e do Mato Grosso.

O livro conta com ensaios que analisam e demonstram como, nos contextos tribais, a arte funciona como meio de comunicação, expressão de categorias sociais e materiais, manifestações ritualísticas e mensagens referentes à ordem cósmica. Uma interessante introdução do autor contextualiza a iconografia e a edição conta também com prefácio escrito pela antropóloga Betty Mindlin.

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fotografia

Martin Parr – fotógrafo britânico

12 maio, 2009 | Por admin

Daqui a pouco, às 19h30, o fotógrafo britânico Martin Parr dará uma palestra gratuita no MIS, em São Paulo. Neste horário o trânsito é caótico na região dos jardins e arredores, o que torna o acesso dificílimo a este evento. Felizmente, o pessoal do jornalismo multimídia independente da Garapa resolveu transmitir ao vivo a fala de Martin Parr. O endereço é:

http://www.garapa.org/martin-parr-ao-vivo/

Martin Parr - Magnum

Martin Parr - Magnum

Acompanhe o evento também pelo twitter através da tag: #martinparr

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fotografia

Otto Stupakoff – Fotografia

23 setembro, 2008 | Por admin

Na última edição da revista Serafina – a edição de setembro de 2008 – vinculada à Folha de São Paulo, saiu uma matéria sobre o designer de movéis da velha guarda, Sergio Rodrigues, e sua famosa poltrona o Sofá Mole. Entretanto, o que chamou a atenção foi ver na primeira página da matéria uma foto de página inteira do fotógrafo paulista Otto Stupakoff.

O começo da matéria revela que o tal Sofá Mole foi criado a pedido de Stupakoff, “que queria um móvel confortável para seu estúdio”, e a foto é de um homem de costas e com as mãos na cintura prostrado em cima de uma rocha diante de um sofá empapado pela água do mar carioca.

Este episódio foi uma infeliz sessão de fotos para a divulgação do sofá, cujo fotografo era Otto Stupakoff. Depois deste episódio, mas sem nenhuma relação com ele, Stupakoff virou um renomado fotógrafo de moda internacional e etc.

Otto Stupakoff - Cosac Naify

Tudo isto para falar que a editora Cosac Naify lançou há quase 2 anos atrás um livro dedicado ao fotógrafo num misto de antologia e entrevista, organizado por Rubens Fernandes Junior. São 95 ilustrações distribuídas em 184 páginas. O livro, à venda na Livraria 30PorCento, custa R$ 52,50.

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fotografia

Lançamento CosacNaify – Cadernos Etíopes de J. R. Duran

15 setembro, 2008 | Por admin

O lançamento de Cadernos etíopes da Cosac Naify, de J. R. Duran, um dos fotógrafos de maior evidência internacional, registra a passagem do fotógrafo pela Etiópia em um livro que mescla diário de viagem e ensaio fotográfico, promovendo um diálogo lúdico e lírico entre fotografia, literatura e etnografia.

Infelizmente o lançamento ocorreu durante a I-Contemporâneo – Circuito de Fotografia 2008 que terminou ontem no Shopping Iguatemi. O livro já pode ser adquirido pela Livraria 30PorCento clicando aqui.

Menino da tribo Dhasanech, Etiópia.

Menino da tribo Dhasanech, Etiópia, fotografada por J.R. Duran

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fotografia

Lightmark – Trabalho alemão de fotografia

6 agosto, 2008 | Por tiagopavan

Cenci Goepel & Jens Warnecke

“Nós somos uma dupla de duas pessoas que gostam de estar ao ar livre. Foi ai que nos encontramos, foi aí que começamos a trabalhar e é aí onde vamos continuar. Quando nos conhecemos, Cenci era um pintor e Jens estava engajado no cinema, edição e animação: talvez a fotografia fosse algo no meio do caminho…”

Trabalho alemão de fotografia com luzes: http://www.lightmark.de/overview.htm

Lightmark
Langfjorddalen, Iford, Noruega, 2007

Cada imagem é nomeada com o nome do lugar, as coordenadas numéricas seguidas pela descrição geográfica. Eles dizem que isto é uma “falta de fantasia” da parte deles.

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Artes Plásticas

Poderá haver fotografia abstrata? Geraldo de Barros

22 maio, 2008 | Por admin

Artigo extraído de Letras e Artes, Rio de Janeiro, 10 de agosto de 1952.

Poderá haver fotografia abstrata?
Sim – responde o jovem artista brasileiro Geraldo de Barros, em entrevista concedidada a “Letras e Artes”.

Paris – julho (Via Scandinavian Airlines) – Geraldo de Barros pode reivindicar a honra de ser um dos pioneiros a fotografia como arte, pois que, atualmente, não há no mundo vinte fotógrafos que tenham enveredado elo mesmo caminho que êle, ou ao menos, dividem dessa possibilidade. Há um ano e meio, em São Paulo, uma exposição ali realizada, Geraldo de Barros revelou que a fotografia poderia ser uma arte tão desinteressada, tão independente da realidade quanto a pintura e a escultura. Utilizada até aqui como documentação, como cópia, irá ela de agora em diante, conhecer dias de glória e de verdade intrínseca. A bem dizer, as fotografias abstratas que Geraldo de Barros expôs chocaram uma parte do público – estava convencionado que a fotografia, devendo reproduzir fielmente a relidade, havia por isso mesmo prestado à pintura o serviço de libertá-la dessa tarefa assoberbante, dando-lhe as asas que lhe faltavam. E eis que por sua vez a fotografia, pela arte de Geraldo de Barros, quer também ganhar impulso e voar.
Eis a indústria, as molas de uma máquina se revoltando contra sua sorte e se declarando arte.

Geraldo de Barros expertimentava, no entanto, a necessidade de vir à Europa sentir o perfume de Piero de la Francesca, de Giotto, de Masaccio, de Cezanne, de Klee. Embarcou com sua máquina a tiracolo, e durante um ano vem percorrendo todos os países da Europa e todos os museus de Amsterdam, de Londres, da Baviera, de Madrid, de Florença e de Paris. No entanto, êsse estranho rapaz alto, tímido e meio selvagem, recusou-se a ir procurar os mestres vivos e falar-lhes. Ao contrário de todos os artistas que vêm respirar o ar europeu, Geraldo de Barros tem vivido só, esquivando-se aos convívios mundanos, não se interessando ela côr dos cabelos de Picasso, nem pelo acento estrangeiro de Marc Chagall.

Foram-me necessários três dias de luta para forçá-lo a visitar o seu patrício Cícero Dias, e durante a visita manteve-se êle mais ou menos silencioso.

No momento, Geraldo de Barros preparava-se para retornar ao Brasil, cada vez mais firma na sua vocação, no seu gosto artístico e vibrando ainda pela contemplação de vinte séculos de arte européia. Com êle, o Brasil participa das descobertas mais belas e mais revolucionárias da arte da fotografia, o divórcio com a realidade.

Num pequeno hotel parisiense de Saint-Germain des Prés encontrei Geraldo de Barros reclamando contra o clima parisiense, a cabeça coberta por uma boina basca. Percorremos a longa série de suas composições fotográficas, que nos levam, sucessivamente, através de uma fase realista, uma fase supra-realista, e afinal, a uma fase mais ou menos abstrata.

(A continuação deste artigo, que é a entrevista feita por Louis Wiznitzer, será publicado em breve; provavelmente na semana que vem)

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Os negativos perdidos de Capa

21 abril, 2008 | Por admin

O jornal The New York Times publicou em 27 de janeiro deste ano uma matéria sobre a descoberta de milhares de negativos do famoso fotografo de guerra Robert Capa. Leia abaixo a tradução integral do artigo e clique aqui para acessar uma série de fotos que o jornal americano disponibilizou para ilustrar a matéria. Disponibilizamos também uma versão em PDF da tradução.

Robert Capa

O esconderijo de Capa

– The New York Times (27-01-2008)
Por Randy Kennedy

Para o pequeno grupo de peritos em fotografia a par de sua existência, ela era simplesmente conhecida como “a maleta mexicana”. E, no panteão dos tesouros perdidos da cultura moderna, era cercado pela mesma aura mítica que rodeiam os primeiros manuscritos de Hemingway, que desapareceram de uma estação de trem em 1922.

A maleta – na verdade três frágeis valises de papelão – continham centenas de negativos de fotografias que Robert Capa, um dos pioneiros da fotografia moderna de guerra, tirou durante a Guerra Civíl Espanhola antes de fugir da Europa para os Estados Unidos em 1939, deixando para trás o conteúdo de sua sala-escura parisiense.

Capa achava que esse material havia se perdido durante a invasão nazista, e morreu em 1954, trabalhando no Vietnã, ainda achando. Mas em 1995 correram rumores de que os negativos haviam sobrevivido à destruição após uma jornada digna de um romance de John le Carré: de Paris à Marselha e então para as mãos de um general e diplomata mexicano que havia servido Pancho Villa, na Cidade do México.

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