Arquivos da categoria: história

Crítica Literária

Minuciosas ressonâncias

5 março, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Sob o título Pelo prisma russo, esta coletânea de ensaios do historiador Joseph Frank desvela uma compreensão profunda da literatura e da história russas. Joseph Frank, que morreu em fevereiro do ano passado, foi professor emérito de Literatura Comparada da Universidade de Princeton e professor de Literatura Comparada e Língua e Literatura Eslava da Universidade de Stanford. Estudioso da obra de Dostoiévski, ficou famoso por ter escrito uma extensa biografia sobre o autor, para a qual foram necessários cerca de trinta anos de pesquisa, condensados em cinco grande tomos – no Brasil, publicados também pela Edusp; para Frank, a genialidade de Dostoiévski encontra-se na abordagem de grandes questões da humanidade enquanto acontecimentos da sua contemporaneidade, sem jamais reduzir seus personagens a “um fenômeno da realidade, dotado de traços típico-sociais”, mas, ao contrário, concentrando neles singularidades psicológicas, através de seu “incomparável dom para o retrato psicológico”.

Em Pelo prisma russo, o interesse de Joseph Frank pela obra de Dostoiévski forma o núcleo principal a partir do qual irradiam-se os ensaios da coletânea, como um filtro, Continue lendo

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história

Uma leitura histórico-social do texto literário

16 janeiro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

A leitura minuciosa de um conto, de um poema, de um romance, concentram em si sínteses históricas sob a pena erudita de Alfredo Bosi.

O livro Entre a literatura e a história, reúne cerca de quarenta textos, entre ensaios inéditos, entrevistas, prefácios e artigos de intervenção que versam sobre a literatura brasileira romântica, moderna e contemporânea, sobre as vanguardas latino-americanas, sobre Vico e também Leopardi. O volume conta ainda com uma série de textos em que Bosi revê etapas de sua própria formação, traçando o perfil de intelectuais como Otto Maria Carpeaux – sobre quem Bosi afirma ter seguido a esteira, examinando “as relações dialéticas entre ideologia e poesia e ideologia e narrativa, o que lhe abriu caminho para o seu conceito de literatura como resistência” –, Celso Furtado, entre outros, e discute questões contemporâneas, como, por exemplo, os desafios da educação no Brasil, ou a necessidade da poesia hoje: “A poesia seria hoje particularmente bem-vinda porque o mundo onde ela precisa subsistir tornou-se atravancado de objetos, atulhado de imagens, aturdido de informações, submerso em palavras, sinais e ruídos de toda parte”. A crítica literária e o pensamento sobre a literatura encaminham, assim, análises profundas, sobre a sociedade, sobre a história, enquanto trajeto e enquanto presente: uma leitura histórico-social do texto literário.

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fotografia

Mais que uma catalogação de fôlego

23 dezembro, 2013 | Por Isabela Gaglianone

Vencedor do prêmio Jabuti deste ano, na categoria de Artes e Fotografia, o livro Estou Aqui. Sempre Estive. Sempre Estarei: Indígenas do Brasil suas Imagens (1505-1955), de Carlos Eugênio Marcondes de Moura apresenta uma vasta pesquisa iconográfica da pintura e dos grafismos dos grupos indígenas brasileiros. Publicado pela Editora da Universidade de São Paulo, o livro mostra como as cores, símbolos ou imagens foram por diferentes tribos aplicadas em diversos suportes, como pedra, cerâmica, cascas ou mesmo papel e, com frequência, no corpo humano.

A pintura indígena foi desde os primórdios da colonização relatada por cronistas, retratada por pintores e por viajantes, mas é historicamente recente sua compreensão antropológica e sociológica enquanto fundamentais manifestações simbólicas, estéticas e inclusive políticas nas vidas tribais. As imagens do livro são compostas também de pinturas sobre tela, desenhos, aquarelas, gravuras, litografias, esculturas e fotografia dos grafismos indígenas – reproduções de obras de artistas viajantes e naturalistas, que estiveram no Brasil em diferentes épocas, entre eles, os desenhistas da expedição comandada pelo jovem naturalista baiano Alexandre Rodrigues Ferreira, a conhecida Viagem Filosófica, que durou cerca de oito anos e percorreu parte da Amazônia e do Mato Grosso.

O livro conta com ensaios que analisam e demonstram como, nos contextos tribais, a arte funciona como meio de comunicação, expressão de categorias sociais e materiais, manifestações ritualísticas e mensagens referentes à ordem cósmica. Uma interessante introdução do autor contextualiza a iconografia e a edição conta também com prefácio escrito pela antropóloga Betty Mindlin.

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história

O homem é nostalgia

4 dezembro, 2013 | Por Isabela Gaglianone

Octavio Paz definiu assim O labirinto da solidão: “O labirinto da solidão foi um exercício da imaginação crítica: uma visão e simultaneamente uma revisão. Uma coisa muito diferente de um ensaio de filosofia do mexicano ou da procura do nosso pretenso ser. O mexicano não é uma essência e sim uma história. Nem ontologia nem psicologia. O que me intrigava (e intriga ainda) era menos “o caráter nacional” que aquilo que este caráter esconde: o que está por trás da máscara”. Publicado pela primeira vez em 1950, com a intenção de decifrar os mitos mexicanos, ao livro foi acrescentado, após os violentos acontecimentos de 1968 no México, um pós-escrito. Paz reflete sobre a história do México, a identidade do país e de seu povo, seu universo mental e realidade local, seus mitos, sua lógica: a mexicanidade. Mas não só. Trata-se, talvez, da mais importante tentativa de situar o homem latino-americano no contexto histórico mundial.

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história

Joaquim Nabuco: Brasileiro, Cidadão do Mundo

18 agosto, 2009 | Por admin

Este é o título da exposição que será aberta amanhã no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, em homenagem aos 160 anos de nascimento de Joaquim Nabuco.

Nabuco é conhecido como um personagem histórico de vida aparentemente paradoxal, como fica evidente na descrição de Angela Alonso em seu Joaquim Nabuco, da Cia. das Letras: “Os funerais de Nabuco narraram sua vida ao contrário, revelando suas múltiplas identidades. Ele gostava de se referir às duas faces de Jano, uma mirando o passado; outra o futuro. A imagem lhe serve perfeitamente. Vivendo numa era de mudanças, expressou-a existencialmente, oscilando entre a devoção à sociedade aristocrática e o empenho em reformas modernizadoras, que fatalmente a destruiriam. Foi simultaneamente cortesão frívolo, apegado à boa vida, e um corajoso homem público, golpeando autoridades políticas e hierarquias sociais. No estilo de vida, no ativismo político, na prática intelectual, equilibrou-se entre reforma e tradição.”

Além da reconhecida atuação política, Joaquim Nabuco também escrevia. Publicou, além do famoso O Abolicionismo, uma série de artigos no Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro, analisando o mandato do presidente chileno José Manuel Balmaceda no fim do século XIX. Essa coletânea de artigos foi reunida e publicada em forma de ensaio (Balmaceda – A revolução chilena de 1891) pela Cosac Naify na coleção Prosa do Observatório, dirigida por Davi Arrigucci Jr.

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