Arquivos da categoria: lançamentos

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Remixes visuais

30 julho, 2015 | Por Isabela Gaglianone

augusto de campos_outro

O poeta Augusto de Campos acaba de lançar um novo livro, Outro.

“Eu mordo o que posso”, diz o poeta. O livro traz, segundo sua introdução, “novos poemas, intraduções e outraduções (remixes visuais). Achei curioso e ao mesmo tempo estranho o uso dessa palavra em discos americanos e custei a me dar conta de que se tratava de um termo musical, uma palavra-valise que sai do ‘in’ para o ‘out’, revertendo o sentido de INTRO. E que indica a diferente performance de uma faixa anterior ou algum outro ‘bonus’ – um ‘extro’. Outro outro. Outradução, extradução? Seja o que for, gostei da palavra ambígua.”

Há, ao fim do livro, indicações de clip-poemas, que podem ser vistos na internet.

Tendo passado doze anos sem publicar seus poemas em livro, Augusto de Campos declarou:

“E é com este OUTRO, que pode ser também o último bônus de meu trabalho  poético, que ouso ex-pôr estes novos poemas. Sobrevivente, para o bem ou para o mal, não posso deixar de completar o que comecei, o quanto me for possível”.  Continue lendo

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O homem e a natureza

23 julho, 2015 | Por Isabela Gaglianone
Isaak Ilyich Levitan, 1892

Isaak Ilyich Levitan, 1892

A Companhia das Letras acaba de lançar a tradução feita por Rubens Figueiredo da novela A estepe – História de uma viagem, de Tchekhov.

Trata-se da primeira narrativa mais extensa do russo, então com 28 anos de idade e já reconhecido colaborador de jornais e revistas literárias, com suas prosas curtas.

O texto acompanha a viagem de um menino que parte para estudar em outra cidade e, para tanto, percorre por alguns dias a vasta estepe russa. Múltiplo, traça, através da experiência do protagonista, e aliada à rica descrição da paisagem natural, uma precisa interpretação sobre tipos humanos, sobre atividades econômicas e as relações sociais delas decorrentes. Percorre, assim, um panorama que atravessa mudanças de comportamento, individuais e coletivas.  Continue lendo

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Performance literária

16 julho, 2015 | Por Isabela Gaglianone
"Untitled", obra de Pierre Huyghe

“Untitled”, obra de Pierre Huyghe

Enrique Vila-Matas foi convidado a participar da Documenta, maior exposição de arte contemporânea do mundo contemporâneo, realizada a cada cinco anos na cidade de Kassel, na Alemanha. O escritor deveria realizar uma performance: sentaria à mesa em um restaurante chinês nas cercanias da cidade e escreveria – diante dos comensais, que poderiam aproximar-se e mesmo intervir.

Não há lugar para a lógica em Kassel surge assim, conforme o próprio autor define, como uma “reportagem romanceada” – uma mistura de diário de viagem que conta sua experiência, com uma profunda reflexão sobre a arte e a literatura contemporâneas.

Com o humor que lhe é peculiar, Vila-Matas coloca em inusitada perspectiva o papel do artista em uma Europa destroçada pela crise e reconstrói uma visão de mundo a partir do questionamento sobre a arte.  Continue lendo

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História, literatura, filosofia

13 julho, 2015 | Por Isabela Gaglianone

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Antoine Compagnon é conhecido por realizar uma crítica literária cujo viés histórico a torna particularmente sensível às ideias filosóficas, artísticas e sociológicas . Nascido em Bruxelas, o autor é professor da Universidade de Columbia e do Collège de France.

Ao longo dos quarenta capítulos que compõem Uma temporada com Montaigne, ele retoma os Ensaios do filósofo em toda sua exuberância intelectual e profundidade histórica.

Com uma prosa tão clara quanto erudita, o livro é composto à maneira dos ensaios: como conversas – mesmo porque o livro originou-se de um programa radiofônico diário, em que as leituras foram apresentadas durante um verão. Compagnon vivifica a atualidade dos ensaios, enquanto formas ao mesmo tempo literárias e filosóficas, passando por temas como a mortalidade, os limites do conhecimento, a amizade, a construção da identidade.  Continue lendo

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Obra de um “hipocondríaco assumido”

2 julho, 2015 | Por Isabela Gaglianone
Honoré Daumier

Honoré Daumier

O escritor argentino Diego Vecchio acaba de ter lançada no Brasil uma edição de seu livro Micróbios. Vecchio participa da FLIP deste ano como um dos autores de destaque.

O livro é uma reunião de contos que oscilam entre a comédia e a tragédia. Sua criação literária surge como uma resposta psicanalítica non-sense. São nove narrativas, cada qual uma apresentação de um caso clínico raro, descritos em chave freudiana – cada uma das personagens sofre de uma enfermidade, causada pela leitura e pela escrita.

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Uma história política e filosófica

23 junho, 2015 | Por Isabela Gaglianone

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Acaba de ser lançado no Brasil o livro A luta de classes: uma história política e filosófica, do marxista italiano Domenico Losurdo. Com tradução de Silvia de Bernardinis, o volume chega às livrarias editado pela Boitempo.

O filósofo analisa o conceito e a prática da luta de classes, frente à sua atualidade diante da atual crise econômica que se alastra: “é certo que a luta de classe tenha de fato desaparecido?”, provoca.

Para Losurdo, a luta de classes não é apenas o embate entre classes proprietárias e trabalho dependente. É também a “exploração de uma nação por outra”, como denunciava Marx, é a opressão “do sexo masculino sobre o feminino”, como escrevia Engels. O texto realiza, assim, uma original leitura da teoria de Marx e Engels da história mundial que tem início com o Manifesto Comunista. Losurdo mostra que diante das transformações que marcaram a passagem do século XX para o XXI, a teoria da luta de classes revela-se uma fundamental chave de compreensão.  Continue lendo

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Intelectual radical

19 junho, 2015 | Por Isabela Gaglianone
Susan Sontag

Susan Sontag

A vontade radical é segunda coletânea de ensaios de Susan Sontag e foi concebida como continuidade às investigações empreendidas em seu livro anterior, Contra a interpretação [L&PM, 1987, esgotado].

Trata-se da reunião de textos escritos entre 1966 e 1969 que tratam de cinema, literatura, política e, caso do mais célebre deles, pornografia.

Felizmente de volta às livrarias, reeditado pela Companhia das Letras, desta vez em edição de bolso. A tradução é de João Roberto Martins Filho

Nos textos, Sontag analisa a obra dos cineastas Ingmar Bergman e Jean-Luc Godard, do dramaturgo Samuel Beckett, comenta os escritores Rainer Maria Rilke e William Burroughs. Compõem ainda o volume suas reflexões agudas sobre o pensamento do filósofo romeno Emil Cioran, bem como o clássico libelo contra a guerra do Vietnã, escrito por ocasião da sua visita a Hanói.  Continue lendo

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Polifonia do amadurecimento

16 junho, 2015 | Por Isabela Gaglianone

Marcelo Grassmann

Fiódor Dostoiévski escreveu a novela Um pequeno herói entre julho e dezembro de 1849, período que passou no cárcere da Fortaleza de Pedro e Paulo, em Petersburgo, à espera da sentença que o desterraria para a Sibéria

A editora 34 acaba de lançar uma edição cuidadosa da obra, com tradução de Fátima Bianchi e xilogravuras de Marcelo Grassmann.

A novela nada resguarda da experiência lúgubre da prisão. Pelo contrário, é envolta numa atmosfera luminosa e delicada. A obra é considerada exemplar da singular capacidade do autor de adentrar a alma das personagens, perpassando aquilo que há aquém de suas consciências, entremeada à percepção difusa de si e das máscaras sociais.

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história

Tradição intelectual latino-americana

11 junho, 2015 | Por Isabela Gaglianone

Plano de Tenochtitlan

Acaba de chegar à livraria 30porcento A cidade das letras, de Ángel Rama (1926-1983), “o maior crítico literário que a América Latina teve”, segundo as palavras de Antonio Candido.

Rama aqui analisa a concepção, o planejamento e a consolidação das cidades latino-americanas. Sua investigação parte da destruição da asteca Tenochtitlán, em 1521, até a inauguração de Brasília, na década de 1960. O livro examina os valores que pautaram a formação das cidades e o discurso urbano da conquista.

Trata-se de uma erudita revelação de cidades latino-americanas através do desenvolvimento das letras e da ordem dos signos: um paralelo entre os projetos urbanísticos e o ideal de urbe limpa, estéril e civilizada.  Continue lendo

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Alices

10 junho, 2015 | Por Isabela Gaglianone

“[…] se falássemos somente quando alguém nos fala, nunca ninguém diria nada”.

desenho de Odilon Redon

desenho de Odilon Redon

Alice no País das Maravilhas e Alice através do espelho, de Lewis Carroll, são livros infantis ou são livros para adultos? A discussão é decorrência das múltiplas formas de interpretações do non-sense de sua prosa, construída como uma trama de proposições absurdas que se apresentam como possibilidades plausíveis.

A editora Cosac Naify acaba de lançar uma edição caprichosa das duas obras, traduzidas por Alexandre Barbosa de Souza e Nicolau Sevcenko. Além de atravessar com a menina Alice o país maravilhoso, é possível continuar a jornada por um novo mundo, através do espelho.

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Felicidade libertina

8 junho, 2015 | Por Isabela Gaglianone
Egon Schiele

Egon Schiele

Crítica literária e professora de literatura, Eliane Robert Moraes, junto com a ensaísta argentina Beatriz Sarlo e com o filósofo Eduardo Jardim, participará da palestra de abertura da FLIP deste ano, intitulada “As margens de Mário” e do debate sobre literatura e erotismo, mesa por sua vez intitulada “Os imoraes”, que dividirá com o escritor Reinaldo Moraes e que será, segundo o curador Flip, “um contraponto a este erotismo de mercado” que faz sucesso atualmente.

Eliane, organizadora da Antologia poética erótica brasileira, a ser lançado pela Ateliê Editorial durante o evento em Paraty, acaba de ter, pela editora Iluminuras, reeditado seu ótimo estudo Sade – A felicidade libertina.

Neste estudo, uma introdução ao marquês de Sade para o leitor brasileiro, Eliane Robert Moraes mostra a viagem como um assunto que é o ponto de partida dos libertinos. A autora convida, pois, a acompanhar a trajetória lúbrica dos personagens, em um caminho que, por um lado, apresenta o universo de um escritor que, considerado vulgarmente como “caso clínico”, é hoje tipo um dos mais notáveis “homens de letras” do século XVIII europeu, e que, por ouro lado, propõe um roteiro literário e filosófico em que a surpresa se torna, por excelência, o elemento deflagrador da sensualidade.  Continue lendo

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Artes Plásticas

Multitrilhas. Multipistas.

3 junho, 2015 | Por Isabela Gaglianone
Hélio Oiticica veste o Parangolé

Hélio Oiticica veste o Parangolé

A trajetória de Hélio Oiticica, um dos mais relevantes artistas de vanguarda do século XX, é aqui analisada com estilo perspicaz pelo poeta Waly Salomão. O livro Hélio Oiticica: qual é o parangolé? – E outros escritos traça, portanto, um encontro de gênios, cuja naturalidade de diálogo foi beneficiada pela proximidade dos dois interlocutores, amigos.

“Não tive nenhuma reverência dogmática pelo artista, mas sim a visão de um cúmplice que compartilhou algumas das histórias”, disse Salomão, à época da publicação da primeira edição do texto, em 1996. O poeta na década de 1960 chegou a morar na casa da família Oiticica. Waly acompanhou de forma estreita os trabalhos e reflexões de Hélio Oiticica através de uma intensa troca de cartas poéticas durante os anos 1970.

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Piccole virtù

29 maio, 2015 | Por Isabela Gaglianone
Natalia Ginzburg

Natalia Ginzburg

Numa prosa que se equilibra entre o ensaio e a auto-biografia, As pequenas virtudes, de Natalia Ginzburg (Palermo 1916 – Roma 1991), é uma pequena joia literária. O livro, que reúne onze textos, é tido como um dos maiores da escrita memorialística do século XX. A tradução para o português, feita por Maurício Santana Dias, acaba de ser lançada pela Cosac Naify; a edição conta com posfácio de Cesare Garboli.

Lançado originalmente em 1962, é conhecido desde então pela escrita elegante e clara da escritora.  Um dos textos é o belo “Retrato de um amigo”, um perfil do poeta e amigo Cesare Pavese. Também são tema para suas reflexões as relações entre as gerações, sua experiência de medo e pobreza em tempos de guerra, sua visão, irônica e cômica, sobre Londres, cidade que lhe parece inóspita. Sua visão, de sensibilidade profundamente humana, dota esses textos de uma beleza perturbadora.  Continue lendo

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A ambiguidade como valor

27 maio, 2015 | Por Isabela Gaglianone
botticelli

Botticelli

Obra Aberta – Forma e Indeterminação nas Poéticas Contemporâneas, estudo clássico de Umberto Eco, acaba de ser reeditado pela Perspectiva.

A tese do filólogo italiano, grosso modo, baseia-se na ideia da obra de arte como inacabada, de modo a exigir de seus receptores, portanto, uma participação ativa, uma percepção peculiar entre inúmeras possibilidades interpretativas. Eco investiga o prazer estético proveniente do embate com uma obra ambígua, que concede a seu receptor a livre ressignificação contínua.  Continue lendo

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Romantismo e revolução

22 maio, 2015 | Por Isabela Gaglianone
Goya, gravura da série "Os desastres da guerra"

Goya, gravura da série “Os desastres da guerra”

O livro Revolta e melancolia: O romantismo na contracorrente da modernidade, de Michael Löwy e Robert Sayre, estava esgotado no Brasil há alguns anos e acaba de ser reeditado pela Boitempo. Os sociólogos analisam a vertente revolucionária da tradição romântica.

Segundo eles, o romântico é uma visão de mundo complexa que persiste até nossos dias, enquanto resposta ao modo de vida da sociedade capitalista.

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