Arquivos da categoria: Literatura

Artes Plásticas

Um legado importantíssimo

23 outubro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

O Gráfico Amador reúne detalhadamente o registro de todos os impressos produzidos pela gráfica e editora homônima, a lendária oficina de artes gráficas pernambucana fundada por jovens artistas e intelectuais, que iniciou suas atividades em 1954 e as encerrou em 1961. A história é reconstituída, neste livro amplamente ilustrado, pelo designer Guilherme Cunha Lima. Publicado originalmente em 1996 pela editora da UFRJ, o livro acaba de ser relançado, em edição revisada e em cores, pela Verso Brasil.

No volume todas as obras publicadas foram recuperadas. São mais de duzentas imagens, entre livros, gravuras, aquarelas, peças de teatro, boletins sobre tipografia, literatura e teorias literárias. Traz peças literárias raras de escritores como Ariano Suassuna, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Sebastião Uchoa Leite e outros, bem como gravuras, aquarelas, pochoir e obras dos talentosos Reynaldo Fonseca, Adão Pinheiro, Francisco Brennand, e dos ‘gráficos’ Orlando da Costa Ferreira e Aloisio Magalhães.

Continue lendo

Send to Kindle
Literatura

O cronista das cidades e das memórias

22 outubro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

O vencedor do Prêmio Nobel de Literatura deste ano, o francês Patrick Modiano, é conhecido como o “arqueólogo da memória”. De acordo com a Academia Sueca, o prêmio foi dado a ele “pela arte da memória com a qual evocou os destinos humanos mais inatingíveis e revelou o mundo da ocupação nazista da França”. Sua prosa, ao longo de mais de trinta romances, concentra-se na cidade de Paris durante a Segunda Guerra Mundial, revivendo a vida francesa sob invasão alemã, a partir de personagens comuns.

Do mais longe do esquecimento atravessa a história de amor do protagonista narrador com uma mulher, Jacqueline, que, casada, porém reciprocamente apaixonada, com ele fugiu de Paris para Londres e, algum, tempo depois, desapareceu.

O livro é exemplar de uma das grandes características da prosa de Modiano: a vida que confere às grandes cidades, tornando-as, talvez mais que qualquer outro personagem, em suas verdadeiras protagonistas. São as próprias cidades que, em seus romances, articulam-se em movimento narrativo, enquanto as personagens são sombrias e enigmáticas.

Continue lendo

Send to Kindle
Literatura

Uma história ou uma bala na cabeça

21 outubro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

gravura de Flávio de Carvalho

Um dos convidados mais esperados da FLIP deste ano foi Etgar Keret, celebrado como a principal voz de sua geração e o grande renovador da literatura israelense neste início de século. Em junho deste ano pela primeira vez um de seus livros foi traduzido e publicado no Brasil. De repente, uma batida na porta confere um toque absurdo a uma prosa coloquial.

Keret é conhecido também como cineasta e autor de quadrinhos. Como escritor, tornou-se mundialmente renomado por seus característicos contos bem-humorados, desenrolados por situações próximas tanto ao fantástico quanto ao nonsense. Seu humor é lúdico e absurdo. Sua narrativa é direta, política sem ser partidária, moralista ou ideológica.

“Uma história ou uma bala na cabeça”, ameaça um homem barbudo a um escritor no conto que abre o volume. Sua exigência é clara: uma história curta, que não despeje, abrupto como um caminhão de lixo, realidade pura sobre pessoas que enfrentam dias difíceis e que desejam algo mais. O escritor, porém, mantém-se em plena paralisia criativa, pois justamente quando obrigado pelos homens armados a inventar uma história, ele é continuamente interrompido por batidas na porta. Cada uma vem acompanhada pela aparição de uma visita indesejada, cada qual com sugestões e exigências para a história. “Aposto que coisas como esta nunca aconteceriam com Amós Oz ou David Grossman”Continue lendo

Send to Kindle
Literatura

Politicamente irônico

20 outubro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Honoré Daumier

Vencedor do Prêmio Jabuti deste ano, o romance Reprodução, de Bernardo Carvalho, é uma crítica ácida e contundente à reprodutibilidade de informações inócuas e à superficialidade do prestígio pessoal que são possibilitadas pela internet. Uma narrativa forte, ácida e instigante, que traz à tona profundas questões morais, latentes no mundo contemporâneo.

O protagonista é o estandarte da questão: trata-se de um homem, “o estudante de chinês”, totalmente preconceituoso, que, dono de um um ethos reacionário, é leitor de revistas fúteis e esbanja um conhecimento enciclopédico – melhor dizendo, wikipédico. Cada qual das outras personagens, todas muito bem construídas, buscam suas identidade e sentido de vida. Ao estudante de chinês, o mundo, submerso no que lhe parece um delírio – envolvido repentinamente com a Polícia Federal ao tentar embarcar para a China -, deixa de ter um sentido maior. É o próprio conflito das versões de realidade que entra em questão.

Entremeadas, as “reproduções” contemporâneas – do discurso da imprensa aos sites da internet, da reprodução sexual à própria imitação da vida.  Continue lendo

Send to Kindle
Literatura

Entre imigrantes e forasteiros, uma fuga lúdica

16 outubro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Hanói, desenho de Manolo Lopez Carrillo

Hanói, romance de Adriana Lisboa, é um dos finalistas do Prêmio Portugal Telecom deste ano. Trata-se de uma narrativa tocante sobre deslocamentos, sobre o transitório, sobre a miscigenação cultural. A história desenvolve-se no encontro inusitado entre duas personagens díspares, porém com uma história comum: ambos imigrantes lutando cotidianamente por sua sobrevivência nos Estados Unidos, contornando as adversidades culturais e a sutil xenofobia que permeia suas vidas, vivendo em meio a uma mescla de hábitos e culturas, num mosaico de identidades. A narrativa de Adriana Lisboa tece uma história de amor, de renúncia, de escolhas que calam profundamente nas vidas daqueles que as envolvem.

Continue lendo

Send to Kindle
lançamentos

O difícil acomodar-se à condição humana

14 outubro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

“Sei que neste quarto-desamparo procuro levar a imaginação até seu limite — jeito de driblar entre aspas desintegração contínua das minhas entranhas”.

pintura de Nikiforos Lytras, Antígona frente ao falecido Polinices (1865)

Os piores dias de minha vida foram todos, novo livro de Evandro Affonso Ferreira, fecha a sua trilogia do desespero, iniciada por Minha mãe se matou sem dizer adeus [Record, 2010] e O mendigo que sabia de cor os adágios de Erasmo de Rotterdam [Record, 2013].

A forte narrativa do livro é conduzida pelo diálogo imaginário da narradora: uma mulher que, em um leito de UTI, delira que caminha nua pelas ruas da metrópole e cita Antígona, de Sófocles. Em meio ao seu alucinante solilóquio, a desesperançada personagem observa a vaidade humana enquanto relembra suas perdas e a relação com o amigo escritor falecido.

Continue lendo

Send to Kindle
Literatura

Ainda, o mais complexo romancista da Amazônia

13 outubro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

“Eu digo tão simplesmente: é a farinha d’água dos meus beijus (sic). Sou um também daqueles de lá, sempre fiz questão de não arredar pé de minha origem e para isso, ou melhor, para arredar o pé mais fundo, pude encontrar uma filiação ideológica que me dá razão. A esse pessoal miúdo que tento representar nos meus romances chamo de aristocracia de pé no chão” – Dalcídio Jurandir.

Fotografia de Pedro Martinelli

Chove no campos de Cachoeira foi publicado a primeira vez em 1940. O romance de Dalcídio Jurandir (1909-1979) é marcado pela expressiva força narrativa. Influenciado pela segunda geração do romance modernista brasileiro, reconstitui o universo amazônico, através da descrição de vivências regionais, apropriando-se da oralidade cotidiana para explorar aspectos singulares da articulação entre os contextos humano e geográfico. As elaborações linguísticas típicas e suas imagens, bem como os aspectos culturais e mesmo as concepções sociopolíticas que resguardam, atravessam toda a prosa de Dalcídio Jurandir.

É pena que seja atualmente um autor esquecido. O conjunto de sua obra, contendo títulos como Marajó (1947), Três casas e um rio (1958), Belém do Grão-Pará (1960), ganhou, em 1972, o Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras.

Segundo Benedito Nunes, no ensaio “Dalcídio Jurandir: as oscilações de um ciclo romanesco”, o chamado “Ciclo do extremo norte” de Dalcídio, é “enxerto da introspecção proustiana na árvore frondosa do realismo” e “afasta-se, graças à força de auto-análise do personagem e à poetização da paisagem, das práticas narrativas do romance dos anos 30, com uma certa constrição do meio ambiente e da tendência objetivista documental, afinadas com a herança naturalista”Continue lendo

Send to Kindle
Literatura

Abomino a verdade da vida, a cópia da vida

10 outubro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Odilon Redon

Segundo Macedonio Fernández, não há dúvidas de que as coisas não começam. Ao menos, não começam quando são inventadas: o mundo foi inventado antigo. O fabuloso Museu do Romance da Eterna parte desta ideia como premissa.

No Brasil, o livro foi lançado em 2011. Fora publicado na Argentina em 1967, apenas após quinze anos da morte do autor. Desprestígio literário de compreensão inconcebível: Borges o chamava “meu mestre” e a prosa argentina do século XX, como um todo, teve na originalidade de Macedonio Fernández, sua maior referência.

O romance começou a ser escrito em 1904 – Macedonio tinha então trinta anos de idade – e continuou até o final da vida do autor, em 1952. A narrativa desenrola-se a partir de uma série de prólogos, precedentes a uma história que parece nunca chegar: trata-se da história de um homem que, ao ficar viúvo, decide deixar a cidade e refugiar-se no campo, em uma estância de nome “O Romance”.

O inacabado, nesta obra inclassificável, é a chave que abre a literatura à modernidade.

Continue lendo

Send to Kindle
Literatura

Pequenos episódios, um bocado bizarros

8 outubro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Paul Klee

Matteo perdeu o emprego, romance do português Gonçalo M. Tavares, é um dos finalistas do Prêmio Portugal Telecom deste ano. A narrativa, fragmentada, é ao mesmo tempo uma ficção e um ensaio sobre esta ficção, com notas explicativas a respeito dos temas apresentados. O livro é, assim, dividido em duas partes: uma, a reunião de vinte e seis fragmentos, nomeados de acordo com o nome de cada personagem que os protagoniza, organizados em ordem alfabética: Aaronson é um homem que diariamente, durante anos, caminha por meia hora passando por uma rotatória, até o dia em que muda o sentido de seu trajeto e é atropelado; a narrativa passa para Ashley, o homem que o atropelou, deste para Baumann, e assim sucessivamente até o Matteo que perde o emprego que dá nome ao título, cuja história, por sua vez, encontra-se com a de outra personagem, Nedermayer, que remete ao princípio do romance, embora não chegue a fechar um círculo com o Aaronson inicial. A segunda parte do livro, intitulada “Notas sobre Matteo Perdeu o Emprego”, faz as vezes de um posfácio crítico, em que o autor reflete sobre temas e recursos usados  na narrativa, como, por exemplo, a arbitrariedade da ordem alfabética.

Um livro engenhoso, reflexivo. Encadeado por inusitados pormenores comuns, é profundamente lúdico.  Continue lendo

Send to Kindle
Literatura

Por entre miudezas

6 outubro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Escher

Tomo conta do mundo: confissões de uma psicanalista, de Diana Corso, acaba de ser lançado pela Arquipélago Editorial.

O livro atravessa pequenos detalhes e sutilezas do comportamento humano, em crônicas e contos que pensam o inconsciente a partir do cotidiano, e vice-versa. A autora fala sobre as novas configurações familiares, a miragem do corpo perfeito, as cicatrizes da idade, o encanto selvagem das metrópoles.

A publicação traz uma compilação de textos publicados no jornal Zero Hora e nas revistas TPM e Vida Simples, que perpassam uma obsessão: o tema da feminilidade. Figura no volume também o ensaio “Sem medo de Virgínia Woolf”, escrito especialmente para o livro, no qual as personagens woolfianas conduzem uma reflexão sobre a busca das mulheres por um lugar no mundo para si próprias.

A palavra “conficcional”, presente no título do livro, é um neologismo proposto pelo poeta e cronista Fabrício Carpinejar para justapor o confessional e o ficcional.  Continue lendo

Send to Kindle
Literatura

Contraponto escrito

3 outubro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

“Eu já tenho uma filhinha, Mário. Chama-se Maria Julieta, é linda, quase robusta, manhosa e risonha como nunca foi esse diabo de pai. Até nem sei como, diante de um pedacinho de gente tão interessante e vivaz como é ela, eu ainda tenho tempo e jeito para ser tão vencido, tão bestamente e confessadamente falhado” – Drummond, carta a Mário de Andrade, escrita em 1928.

Mário de Andrade, por Lasar Segall, 1927 / Carlos Drummond de Andrade, por Cândido Portinari, 1936.

Ler a correspondência trocada entre dois dos mais ilustres escritores brasileiros dá um sabor lúdico à sensação voyeurística. Carlos e Mário – Correspondência reproduz as ricas conversas epistolares entre Drummond e Mário de Andrade.

O livro foi organizado pela crítica literária Lélia Coelho Frota, reconstitui um diálogo intenso, que se estendeu de 1924 a 1945. Frota compilou as cartas de Drummond endereçadas a Mário de Andrade durante meses nos arquivos do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo. O crítico Silviano Santiago, responsável pelas 500 notas elucidativas que acompanham o volume, no prefácio pontua que são textos nos quais a estilização literária “recobre, surrupia, esconde, escamoteia e dramatiza a experiência pessoal”.

Continue lendo

Send to Kindle
Literatura

Em tom menor

2 outubro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Renina Katz, “Cárceres”, 1977

Amanhã não tem ninguém, de Flávio Izhaki, é um dos finalistas do Prêmio Portugal Telecom deste ano. O romance atravessa quatro gerações de uma família judia, narrado em primeira pessoa por seis diferentes personagens. O livro é dividido em sete partes e 69 capítulos, de modo que é o resultado de uma junção entre fragmentos narrativos, cujo fio condutor é a história da família – uma narrativa ao mesmo tempo fragmentária e circular.

Algumas das personagens são um adolescente, perdido em meio ao funeral do avô; um homem que escapa de um AVC, mas cuja esposa repentinamente falece; uma mulher que não consegue se comunicar com o filho, preso em um interminável jogo de videogame. Diferentes entre si, assemelham-se pelo forte sentimento de finitude e pela incomunicabilidade.

Continue lendo

Send to Kindle
lançamentos

A condição humana e a banalidade da violência

30 setembro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

“Que quem se cala quanto me calei, não poderá morrer sem dizer tudo”.

Ilustração de Günter Grass

A publicação de uma obra póstuma de um grande escritor como Saramago é um presente inestimável aos seus tantos leitores órfãos. É também a possibilidade de ver em germe sua criação literária, torrencial e precisa.

Em junho de 2010, quando faleceu, ele deixou em aberto a narrativa da história de Artur Paz Semedo, um homem simples, empregado de uma fábrica de armas, as Produções Belona S.A – Belona é o nome da deusa romana da guerra. Funcionário exemplar, que, se por um lado ambicionava crescer profissionalmente na empresa e dirigir uma área de armamentos pesados, por outro lado encontra conflitos morais, pois fora casado com uma pacifista radical, que dele divorciara-se por não concordar com o ofício armamentista.

O lançamento de Alabardas, alabardas, espingardas, espingardas – cujo título alude a dois versos da tragicomédia Exortação da guerra, de Gil Vicente – traz a lume uma obra, ainda que inconclusa, forte e bela, como comum ao grande escritor que foi Saramago. Continue lendo

Send to Kindle
Literatura

Olhar acuado, garganta seca, urgia achar uma saída

29 setembro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

“Achara um  de seus triunfos na vida da cidade, nos primeiros dias de adaptação, o ter conseguido orientar-se sozinho, com os nomes de bairros e números de linhas dos circulares e, alegre, com algum dinheiro para gastar, percorrer muitos trajetos, retornando sempre ao terminal no centro, feito fosse sempre necessário isso—os círculos bem descritos, as referências precisas—para que, aos poucos fosse se apossando do novo território”.

ilustração de Manu Maltez

O estranho no corredor, de Chico Lopes, é um livro instigante, narrado por uma consciência atormentada que confere ao texto uma atmosfera densa. A narrativa desperta reflexões profundas sobre o aprisionamento que é de ordem interna.

Conta a história de um homem solitário, cujo desejo é tornar-se um escritor, mantém um estilo de vida discreto, sobrevivendo com precariedade como professor em uma pequena escola de inglês. O protagonista divide parte de seu tempo livre com o diário no qual resgata e anota memórias de infância, parte com um círculo de conhecidos. Eis que com recorrência passa a aparecer-lhe uma figura masculina ameaçadora, que o persegue, ritmando o tempo da narrativa com seus passos, de “uma musicalidade escura”.

O livro ganhou o Prêmio São Paulo de Literatura em 2012, na categoria de Autor estreante.  Continue lendo

Send to Kindle
Literatura

Literatura com a curva e com a pedra

25 setembro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

2014 marca 40 anos do falecimento do uruguaio Juan Carlos Onetti, um dos maiores autores do século XX. O livro 47 Contos abarca toda a produção de prosa curta deste escritor que, chamado em seu país de “padrinho oculto e inquietante da literatura latino-americana do século XX”, magistralmente une tragédia e humor. Traduzido por Josely Vianna Baptista, foi lançado pela Companhia das Letras em 2006.

Onetti escreveu seus contos entre 1933 e 1993 e os publicou esparsamente em periódicos. São textos marcados por uma visão de mundo tão lúcida quanto corrosiva. O escritor dizia encontrar seus temas em “sonhos diurnos”, por um “impulso onírico”. Sua literatura muito original, acompanha, com o uso poético da linguagem, a decadência contínua do homem, através de caminhos sinuosos e amargos.

Suas personagens são complexas e, regidas pelo inconformismo e pelo desencanto, transitam pelo espaço mítico da fictícia cidade de Santa María. Esse não-lugar, um pedaço de sonho de uma personagem, é cenário de diversos contos do escritor uruguaio, abriga seus desesperançados anti-heróis, representantes de uma classe média que vaga – geográfica, histórica e existencialmente –, à deriva.  Continue lendo

Send to Kindle