Arquivos da categoria: Crítica Literária

Artigos, resenhas e análises críticas de obras literárias.

Crítica Literária

Eucanaã Ferraz, “Sentimental”

2 setembro, 2014 | Por Isabela Gaglianone
Paul Klee

Paul Klee

Estranha matéria, que sobe do fundo

à flor da memória camada de espuma

diário de bordo vem quebrar aqui

(…)

  – trecho de “Talvez hoje”

 

 

 

 

O verso, nas línguas, dizem tantos filósofos, antecede a prosa. Por ser mais imediato, por ser mais sentimental. A linguagem poética permanece existindo como verso e então não deixa de se estender por uma prosa, porém, invisível: suas palavras, suas imagens, ecoam-se entre si e interiorizam discursos inteiros sem nem precisar proferi-los. As imagens poéticas encerram um círculo hermenêutico de compreensão da parte pelo todo e do todo pela parte. O último livro de Eucanaã Ferraz particulariza em si essa coesão e Sentimental é um desdobramento semântico da própria palavra que lhe dá título, vai de um sarcasmo melancólico, sensorial, a uma leveza quase etérea, corredeira de figuras mágicas.

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Crítica Literária

O livro por vir

1 setembro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

blanchot-livro-por-vir

– Meu sonho já durou setenta anos. Afinal, ao recordar, não existe ninguém que não se encontre consigo mesmo. É o que nos está acontecendo agora, só que somos dois. Você não gostaria de saber algo do meu passado, que é o futuro que o espera?
Borges, “O outro”.

Um pensamento sem imagem que não se deixa representar, a revolver o tempo em uma forma circular, ao qual pertence a reminiscência ininterrupta, que, como um bom lance de dados, afirma todo o acaso de uma só vez – a experiência da literatura resguarda a necessidade de que se possa, em cada obra, “reservar o indeciso na decisão, preservar o ilimitado junto ao limite, e nada dizer que não deixe intacto todo o espaço da fala sobre a possibilidade de dizer tudo” (p. 149).

Maurice Blanchot, em O livro por vir, retira do âmago da experiência literária a circularidade do tempo na qual a literatura de maneira geral se desenvolve como problema, pois cada obra é uma experimentação, cada vez renovada, do tempo da transparência da linguagem, através da qual a imaginação transforma a realidade em ideia. Continue lendo

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Antropologia filosófica

29 agosto, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Imagem do livro “Saudades do Brasil”

“A ideia de que o nome e a essência se correspondem em uma relação intimamente necessária, que o nome não só designa, mas também é esse mesmo ser, e que contém em si a força do ser, são algumas as suposições que a própria pesquisa filosófica e científica também parecia aceitar. Tudo aquilo que no próprio mito é intuição imediata e convicção vívida, ela converte num postulado do pensar reflexivo para a ciência da mitologia; ela eleva, em sua própria esfera, ao nível da exigência metodológica a íntima relação entre o nome e a coisa, sua latente identidade.” – E. Cassirer, Linguagem e mito.

Um trabalho antropológico baseado em pesquisas etnográficas a começar pelo título O pensamento selvagem pode, a princípio, não sugerir a verdadeira intuição que busca desenvolver, cujo cerne é profundamente filosófico. Trata-se não da investigação do pensamento supostamente primitivo dos ditos povos selvagens, mas de uma ampla reflexão sobre o pensamento em si mesmo, tomado em sua essência, em seu estado selvagem, ou primeiro. As conclusões de Lévi-Strauss sobre o pensamento selvagem, especialmente ao serem regidas pela análise, comparativa e metafórica, da linguagem em relação aos modos de pensar ou conhecer as coisas no mundo, mostram que os universos mítico e linguístico entrelaçam-se, como estruturas construídas por uma qualidade arquitetônica da razão. Continue lendo

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Crítica Literária

Textos conversas

5 agosto, 2014 | Por Isabela Gaglianone

O trabalho ensaístico de José Paulo Paes é tão preciso quanto sua poesia. Organizada pela escritora Vilma Arêas, a reunião de alguns dos ensaios de Paes, neste volume, intitulado Armazém literário, trouxe aos leitores a possibilidade de encontrar textos tocantes cujos livros de publicação original há muito estão esgotados no mercado brasileiro. Com prosa fluente e elegante, Paes lida com assuntos graves a partir de autores como Machado de Assis, William Blake ou Simone Weil, ou então, utilizando toda a liberdade da forma ensaística, reflete sobre o ofício de poeta e sobre sua própria “linhagem” na poesia brasileira; no ensaio “Para uma pedagogia da metáfora”, por exemplo, expõe sua concepção de poesia como metáfora do mundo, com “seu poder de revelar o universal no particular”. Há também ensaios sobre a arte da tradução de poesia, que Paes praticou até o fim da vida – verteu para o português autores de várias línguas, como o americano William Carlos Williams, os gregos Konstantínos Kaváfis e Giorgos Seféris, o francês Paul Éluard, o alemão Rainer Maria Rilke.

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Crítica Literária

Algo sério para ser cômico

11 julho, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Ótimo lançamento da CosacNaify, a coletânea O valor do riso e outros ensaios, de Virginia Woolf, chega às livrarias, cuidadosamente traduzido pelo crítico e poeta Leonardo Fróes, também responsável pela organização e pelas notas do livro. O volume reúne 28 ensaios, a maioria com tradução inédita no Brasil.

Os ensaios foram escritos entre 1905 e 1940 e originalmente publicados como artigos para jornais e revistas com os quais Virginia colaborava. É possível notar nestes textos a escrita precisa, mesmo talento da ficcionista que, aplicado ao gênero ensaístico, mostra um olhar mais mundano, de um observador atento, ou que, investido nas resenhas, revela uma crítica perspicaz e militante.  Continue lendo

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Crítica Literária

Morte da tragédia, crise da cultura

8 julho, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Frederic Leighton, “Electra”

“O que eu identifico como ‘tragédia’ em sentido radical é a representação dramática ou, mais precisamente, a prova dramática de uma visão da realidade na qual o homem é levado a ser um visitante indesejável no mundo”.

Composto de início como tese de doutoramento a ser defendida na Universidade de Oxford, A Morte da Tragédia, de George Steiner, trabalho foi a princípio, tragicomicamente, condenado, pois sua redação não atendia às exigências de uma boa dissertação acadêmica. Mais tarde, não só o ensaísta tornou-se professor na referida universidade, como este escrito transformou-se em obra de referência na crítica e nos estudos sobre o destino da tragédia

Steiner, notório por seu humor e ironia, apura neste ensaio os sentidos para ler e escutar inclusive os detalhes lexicais e tonais e identificá-los como sintomas do declínio que busca descrever. Assim, na esfera da linguagem, ele interpreta o fenômeno trágico como expressão determinada não pela vida, mas sim por uma ideia que resume uma visão de mundo. A tragédia é, nos termos do próprio autor, uma “metafísica do desespero”.  Continue lendo

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Crítica Literária

Salto para o lado do outro

19 junho, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Fotografia de Lewis Carrol

Crítica de ouvido foi o último livro escrito pelo poeta, tradutor e ensaísta pernambucano Sebastião Uchoa Leite (1935-2003). É composto por ensaios, que abordam diversos temas que configura seu amplo universo de leitura: poesia, cinema, ensaio e fotografia. O livro possui três partes: o ensaio de abertura, “De poesia e de poetas”, privilegia a poesia moderna brasileira, elaborando questões sobre os trabalhos de Murilo Mendes, Raul Bopp e João Cabral de Melo Neto, ao passo que também trata das relações entre a cidade e poesia moderna, traçando, para tanto, um itinerário que parte de Paris no século XIX, passando por Londres, Nova York e Buenos Aires, até chegar ao Rio de Janeiro e a São Paulo. A segunda parte, “De prosa e de crítica”, funciona como um breve intervalo crítico e reflete sobre o trabalho ensaístico de Alexandre Eulálio. Na última parte, “Imagem e linguagem”, Uchoa desenvolve uma crítica do olhar, repassando um século de diferentes representações imagéticas da personagem Alice, criada por Lewis Carroll em 1863.

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Crítica Literária

O tempo que paira em sonho

7 abril, 2014 | Por Isabela Gaglianone

felisberto-hernandez

“[…] com um pedaço de mim mesmo, formei a sentinela que faz a guarda de minhas recordações e de meus pensamentos; mas ao mesmo tempo devo vigiar a sentinela para que ela não se entretenha com o relato das recordações e adormeça. E ainda tenho que lhe emprestar meus próprios olhos, meus olhos de agora”.

Há uma vida que se vive e uma vida que se sonha. A literatura de Felisberto Hernández, porém, brota de um estranho entroncamento entre ambas: suas histórias são memórias de sonhos. Deixam entreaberta a divisória entre o fantástico e o real e, ao atravessarem-na, a transformam numa mera suposição, difusa e ambígua. Talvez por isso Felisberto seja um escritor tão diferente – segundo Italo Calvino, “um escritor que não se parece com nenhum outro: com nenhum europeu e com nenhum latino-americano; é um franco-atirador que desafia toda classificação ou rótulo, mas que se mostra inconfundível ao abrirmos qualquer uma de suas páginas”. Sua literatura desenrola-se com suavidade onírica e um lirismo singelo. Sua prosa é simples, intelectual e intimista e tem um tom a um só tempo melancólico e humorado. Suas histórias resgatam e resguardam todo o esplendor das reminiscências, o conhecimento da origem e do retorno que provém da memória, dos sonhos e dos ricos encontros entre ambos.

Seus personagens são suas lembranças. Os contos são escritos em primeira pessoa, um personagem que é, ao longo das histórias, Continue lendo

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Crítica Literária

A arte como procedimento

3 abril, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Em Teoria da literatura – Textos dos formalistas russos, Tzvetan Todorov revelou aos leitores franceses a existência da escola de análise literária que prosperara em São Petersburgo e Moscou entre 1915 e 1930. Esta coletânea é uma das poucas publicadas no Ocidente que apresentam textos escritos pelos chamados formalistas russos, cuja escola formalista revolucionou a crítica literária, originou a lingüística estrutural e influencia até hoje o pensamento científico. Sua metodologia, original e teoricamente bem estrturada, de análise literária, é considerada pioneira na fundamentação da teoria literária contemporânea.

Segundo Boris Scnaiderman, “numa época de grandes discussões, na época em que o suprematismo de Maliévitch, o construtivismo, a poesia de Kliébnikov e Maiakóvski subverteram todas as noções de consagrado, na época das transformações do palco cênico por Meyehold e da sucessão de imagens até então conhecida no cinema, realizada por Eisenstein, o assim chamado formalismo russo procurou na literatura viva e não apenas nos monumentos do passado aquilo que podia caracterizar a linguagem da obra literária”.  Continue lendo

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Agradável melancolia

31 março, 2014 | Por Isabela Gaglianone

9788573265521

Fruto de aulas proferidas no Collège de France, o ensaio A melancolia diante do espelho esmiúça a potencialidade intelectual – filosófica e poética –, do estado de espírito melancólico. Starobinski examina, com erudição e sensibilidade, três poemas de As flores do mal, de Baudelaire. Para ele, o poeta seguiu caminhos que renovaram o tema da melancolia na arte ocidental. A melancolia, nesse sentido, seria um meio pelo qual os signos verbais são também sintomas de uma condição humana, complexa, percebida pela riqueza da figuração da melancolia. O interessante livro acaba de ser publicado pela Editora 34, com tradução de Samuel Titan Jr.

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Crítica Literária

lirismo metalinguístico, poética acadêmica

19 março, 2014 | Por Isabela Gaglianone

[…] A experiência da imagem, anterior à da palavra, vem enraizar-se no corpo. A imagem é afim à sensação visual. O ser vivo tem, a partir do olho, as formas do sol, do mar, do céu. O perfil, a dimensão, a cor. A imagem é um modo da presença que tende a suprir o contato direto e a manter, juntas, a realidade do objeto em si e a sua existência em nós. O ato de ver apanha não só a aparência da coisa, mas alguma relação entre nós e essa aparência: primeiro e fatal intervalo. Pascal: ‘Figure porte absence et présence’.

O belo livro O ser e o tempo da poesia, do professor e crítico literário Alfredo Bosi, foi publicado originalmente em 1977, pela Editora da Universidade de São Paulo. Em 2000, foi trazido de volta ao mercado editorial brasileiro pela Companhia das Letras. Interessado pela investigação do “ser” e da “origem” da poesia, numa chave de leitura que retoma ideias desenvolvidas pelo filósofo italiano Vico, ele procura pensar o primado da linguagem poética em uma nova ordem de valores – a alteridade estranha das coisas e dos homens, o pensamento humano enquanto sonoro, a formação de imagens, o ritmo do discurso poético a música na linguagem.

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Crítica Literária

Minuciosas ressonâncias

5 março, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Sob o título Pelo prisma russo, esta coletânea de ensaios do historiador Joseph Frank desvela uma compreensão profunda da literatura e da história russas. Joseph Frank, que morreu em fevereiro do ano passado, foi professor emérito de Literatura Comparada da Universidade de Princeton e professor de Literatura Comparada e Língua e Literatura Eslava da Universidade de Stanford. Estudioso da obra de Dostoiévski, ficou famoso por ter escrito uma extensa biografia sobre o autor, para a qual foram necessários cerca de trinta anos de pesquisa, condensados em cinco grande tomos – no Brasil, publicados também pela Edusp; para Frank, a genialidade de Dostoiévski encontra-se na abordagem de grandes questões da humanidade enquanto acontecimentos da sua contemporaneidade, sem jamais reduzir seus personagens a “um fenômeno da realidade, dotado de traços típico-sociais”, mas, ao contrário, concentrando neles singularidades psicológicas, através de seu “incomparável dom para o retrato psicológico”.

Em Pelo prisma russo, o interesse de Joseph Frank pela obra de Dostoiévski forma o núcleo principal a partir do qual irradiam-se os ensaios da coletânea, como um filtro, Continue lendo

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Crítica Literária

A antropofagia contra o arcabouço recalcado

13 fevereiro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Em Oswald canibal Benedito Nunes apresenta o caráter específico da antropofagia oswaldiana como conceito de desmistificação da história escrita e de crítica à sociedade patriarcal a que deram origem os cânones da história; Benedito mostra como Oswald antecipou intuitivamente toda a dialética do Modernismo brasileiro.

Em seu Manifesto Antropofágico, Oswald defendia que o “instinto caraíba” devorasse todas as “consciências enlatadas”, as “escleroses urbanas” e supostas verdades missionárias (segundo a as palavras de Raul Bopp, em Vida e Morte da Antropofagia). Assim ele expôs a necessidade de um confronto que gerasse bases mais independentes para a identidade nacional, pois sua percepção era a que “a nossa independência ainda não foi proclamada”. O manifesto termina apontando a deglutição do bispo Sardinha como um evento-chave; Continue lendo

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Ó: uma palavra quase corpórea

20 outubro, 2013 | Por Isabela Gaglianone
Nuno Ramos

Interjeição, demonstrativo, ó miúdo asma-nome, bocejo, som muito agudo, zumbido de vespa, ó da morte e do esquecimento, também aí há um ó.

O livro de Nuno Ramos ramifica-se em multiplicidades semânticas desde o título. A rapsódia do seu Ó começa com o próprio labirinto desta letra palavra tão ambivalente, por vezes quase material, num dedo que aponta, ou substantivada para expressar desdém, ou como prelúdio a uma resposta inesperada e não convencional. Ó: uma palavra quase corpórea, quase sempre indicial. Encabeçado por ela – que mesmo só é palavra na medida em que compreendida num contexto cultural popular –, o livro de Nuno Ramos é sensorial. Continue lendo

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Crítica Literária

Rubens Rodrigues Torres Filho .parte I.

17 maio, 2013 | Por Isabela Gaglianone

poema semipronto*

Dante fez o que quis.
–  –  –  Beatriz.

__________
*) Adicionar água e levar a fogo brando.

A arqueologia da palavra é tarefa compartilhada pelo filósofo e pelo poeta. “As palavras são símbolos que postulam uma memória compartilhada”, segundo Borges. Trabalho minucioso, do espírito e da letra. E se acontece-lhe ser feito na poesia escrita por um filósofo, como o é Rubens Rodrigues Torres Filho, ganha um polimento ambivalente porém exato, um humor fino que permite-se chegar a vocábulos eruditos ou expressões coloquiais com a mesma facilidade – e com a mesma ironia.

Poeta solitário, alheio a escolas, grupos ou modismos, mesmo porque a poesia foi-lhe tarefa secundária – quase um capricho, segundo o poeta Cacaso (Antônio Carlos de Brito) – em relação à filosofia, seu objeto de estudo e interesse primeiro. Rubens foi professor de filosofia moderna na Universidade de São Paulo, especialista na filosofia de Fichte – a respeito da qual escreveu uma notória tese, O espírito e a letra: a crítica da imaginação pura em Fichte –, comentador da filosofia alemã, sobretudo dos períodos conhecidos como o Idealismo e o Romantismo, profícuo tradutor de obras de autores como Nietzsche, Novalis, Benjamin, Adorno, Schelling, Kant e Fichte. Nos trabalhos filosóficos vemos sua poesia – a sua articulação de uma brincadeira com a hermenêutica das palavras – em germe. Suas traduções já possuem o cuidado preciso com as palavras, equilibradas como numa escultura; seus comentários de filosofia, o humor irônico que lhe é peculiar.
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