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Literatura

Tradução do Francês é nova categoria do Jabuti

14 fevereiro, 2009 | Por admin

Foi publicado na Folha de São Paulo de hoje, 14 de fevereiro de 2009, a notícia da criação de uma nova categoria no tradicional prêmio literário Jabuti voltada para as traduções do Francês.

“A Câmara Brasileira do Livro decidiu incluir a categoria tradução de obras de ficção do francês para o português no tradicional Prêmio Jabuti, como homenagem à língua francesa no Ano da França no Brasil. Com a inclusão, a premiação contemplará 21 categorias no total. As inscrições para o prêmio, de obras publicadas no ano passado, vão de março a maio. Em setembro, serão escolhidos os três primeiros colocados de cada categoria, e, em novembro, serão anunciados o livro do ano de ficção e de não-ficção.”

A notícia é boa, na minha humilde opinião. Enquanto observamos a estreiteza norte-americana que possui sua vida literária voltada única e exclusivamente para o que é produzido dentro de seu território, temos um exemplo brasileiro bastante profícuo.

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Agenda

Paulo Monteiro – Estação Pinacoteca + Cosac Naify

13 fevereiro, 2009 | Por admin

Paulo Monteiro traz invarialvelmente à memória o Grupo da Casa Sete. Uma fonte de informações disponível na internet sobre o grupo é o trabalho da pesquisadora Elaine Werneck, do programa de Pós Graduação Interunidades em Estética e História da Arte – MAC-USP, chamado “O grupo casa sete e a pintura dos anos 80”.

Grupo Casa Sete

“O Grupo Casa Sete, em São Paulo, eram autodidatas que possuíam uma formação realizada de modo informal com passagem pela FAU-USP e FFLCH-USP.”

Sobre o universo pictórico dos artistas – o grupo era formado por Carlito Carvalhosa, Fábio Miguez, Nuno Ramos, Paulo Monteiro e Rodrigo Andrade -, Werneck considera que “cada integrante do Grupo possuía uma simbologia e metáfora própria mas não exclusiva, podendo as mesmas serem apropriadas por outro colega de ateliê. As imagens da quais o Casa Sete se apropria têm origem nos meios de comunicação de massa, como personagens, caveiras, cômics, ou apresentam-se como um simbolismo mais pessoal como pedras e rochas (Paulo Monteiro).”

Ao interpretar um determinado padrão do conteúdo da obra de Paulo Monteiro – “embora Croce preferia não distinguir forma de conteúdo para afirmar a unidade da obra de arte, distinção que achava meramente convencional”, o que não vem ao caso neste artigo – Elaine Werneck diz: “Quanto ao conteúdo de suas obras, Paulo Monteiro apresenta na sua poética aspectos tragicômicos.”

O trabalho integral pode ser lido aqui.

Paulo Monteiro

Sobre Paulo Monteiro, especificamente, a fonte que tenho em mãos é o texto publicado no catálogo Paulo Monteiro, de outubro de 1994, escrito por Rodrigo Naves. A reflexão do crítico foca a produção escultural do artista, e já anuncia seu intento na primeira frase: “Afinal, as esculturas de Paulo Monteiro crescem ou definham?”

O artigo pode ser lido no livro de ensaios de Rodrigo Naves, publicado pela Companhia das Letras, sobre arte moderna e contemporânea, chamado O vento e o moinho.

Atualmente, Paulo Monteiro ministra um curso de pintura contemporânea, onde “procura, através de aulas práticas, iniciar o aluno na reflexão das recentes transformações da pintura, a sua eficácia como meio de comunicação abordando questões como a fragmentação do plano pictórico, a crise do retângulo e a multiplicação das técnicas e dos suportes da pintura”, durante infinitesimais 40 horas – infinitesimais ao considerar a profundidade do programa das aulas – ao longo do semestre.

Aos possíveis interessados: O curso é ministrado do b_arco à Rua Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 426, na Vila Madalena, em São Paulo.

Paulo Monteiro

A Exposição na Estação Pinacoteca (2009)

Na exposição da Estação Pinacoteca, Paulo Monteiro: Uma seleção, 1989-2008, estão reunias cerca de 140 obras, entre pinturas, esculturas, desenhos, gravuras, guaches e relevo de paredea.

Logo na entrada, há uma parede onde se lê o título da exposição “Paulo Monteiro: Uma seleção, 1989-2008 “. A fonte com a qual foi feita a inscrição do nome do artista na entrada da exposição é a Lithos, desenhada por Carol Twombly. A fonte deriva das letras geométricas livres de adornos que eram talhadas, em pedra, em templos e monumentos públicos na Grécia antiga.

Se você não mora em São Paulo, há uma galeria no Flickr onde pode-se contemplar – com uma perda significativa, se não total, da força artística das obras – algumas das esculturas, pinturas e desenhos de Paulo Monteiro que estão expostas na Pinacoteca. O endereço é: http://www.flickr.com/photos/artexplorer/tags/paulomonteiro/

Por fim, amanhã, 14 de fevereiro de 2009, haverá o lançamento do livro Paulo Monteiro, pela Cosac Naify, acompanhado por uma sessão de autógrafos do autor e uma mesa-redonda com Alberto Tassinari, Tiago Mesquita e Taísa Palhares (curadora). A solenidade começa as 10:30, na Estação Pinacoteca.

O livro possui textos de Alberto Tassinari, Paulo Venancio Filho, Taísa Palhares e Rodrigo Andrade, e já está a venda aqui na 30PorCento.

Paulo Monteiro

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Literatura

A Literatura do Império Austro-Húngaro

12 fevereiro, 2009 | Por admin

O exuberante Império Austro-Húngaro foi instituido em 1867 e dissolvido em 1918. Cinquenta e um anos foram suficientes para impelir o desenvolvimento de uma literatura vigorosa. Um artigo no blog “Conversational Reading” deixa isto claro: “Uma grandiosa cidade (Vienna) envolta por um grandioso império (Austro-Húngaro) era digna de uma grandiosa literatura.”

A lista da Ficção Austro-Húngara que o artigo da “Conversational Reading” levanta é vasta: Kafka, Elias Canetti, Rilke, Arthur Schnitzler, Italo Svevo e etc. O blog vale a visita, ainda mais se o visitante possui um cartão de crédito internacional e puder encomendar algum dos autores citados através da Amazon. Além disso, as memórias de Stefan Zweig, escritor austríaco de ascendência judaica, sintetizam a fecunda atmosfera do império.

Aqui no Brasil, os dois nomes que me saltam à memória e que reverberam este antro literário são Paulo Rónai e Otto Maria Carpeaux.

Paulo Rónai nasceu em Budapeste e imigrou ao Brasil em 1941, ganhou imenso prestígio como tradutor – em Budapeste, foi professor de latim e língua italiana, dedicou-se aos estudos acadêmicos de francês, fez parte da equipe de tradução do colossal A comédia humana, de Balzac, além de ter criado a ABRATES (Associação Brasileira de Tradutores), da qual foi também primeiro secretário-geral. Enfim, um monstro.

Otto Maria Carpeaux, veio ao mundo em Viena e chegou ao Brasil em 1939. Para se ter uma idéia da grandiosidade de Carpeaux, basta relembrarmos um artigo que Carlos Heitor Cony escreveu na Folha de São Paulo: “Foi com pavor que me aproximei de Otto Maria Carpeaux, no início dos anos 60, quando entrei para o “Correio da Manhã” … onde ele era o principal editorialista do jornal. Já haviam sido publicados os primeiros volumes de sua monumental História da Literatura Ocidental, eu havia lido a Cinza do Purgatório, Origens e Fins e Livros na Mesa. Considerava o seu prefácio à edição brasileira de Os Irmãos Karamazov tão esclarecedor e importante quanto o próprio texto de Dostoiévski. Esse monstro ali estava, andando de mesa em mesa, fumando sem parar, esperando a reunião das 18h em que se discutiria a linha do editorial e dos tópicos que compunham a página de opinião, a famosa página 6 do velho Correio … ao final de cada palestra, havia debates, os estudantes faziam as perguntas, eu respondia com milhões de palavras e não era entendido. Carpeaux pensava um pouco, dizia cinco, seis, dez palavras -e estava tudo ali. Decididamente, um monstro.”

links

A literatura húngara contemporânea pode ser contemplada no seu site oficial, Literatura Húngara Online > http://www.hlo.hu/index.ivy

O artigo do blog Conversational Reading é este > http://is.gd/jmN9

A Cosac Naify publicou a tradução de Paulo Rónai para o livro Os meninos da rua Paulo, do húngaro Ferenc Molnár > Livraria 30PorCento

A Editora do Senado reeditou em 2008 a monumental História da Literatura Ocidental, em 4 volumes, de Otto Maria Carpeaux. Para comprar > Livraria do Senado

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Literatura

Charles Darwin – Bicentenário

12 fevereiro, 2009 | Por admin

Minha contribuição ao bicentenário de nascimento do grandioso cientista britânico Charles Darwin é a indicação de uma publicação da editora Unesp que estava esgotada mas, felizmente, já está disponível para compra através do recém-criado sistema de impressão sob-demanda da editora.

O livro é As Cartas de Charles Darwin – uma seleta, 1825-1859. A sinopse disponível no site da UNESP explicíta a grandiosidade da publicação: “Uma seleção criteriosa de cartas de Darwin, feita por um dos mais respeitados especialistas na matéria [Frederick Burkhardt]. O objetivo da coletânea não é simplesmente o de fornecer elementos biográficos sobre o naturalista inglês, mas sim o de dar ao público um importante escorço para a discussão dos mais significativos aspectos do pensamento darwiniano.”

O autor, Frederick Burkhardt, morreu em setembro de 2007, vítima de uma falha congestiva do coração, aos 95 anos. Ele foi o fundador do Darwin Correspondence Project, uma força-tarefa para tentar encontrar e resumir todas as cartas escritas por Darwin ou endereçadas para ele. O projeto possui um site oficial – http://www.darwinproject.ac.uk/ -, que é bem estruturado e preparou um “presente” para as comemorações dos 200 anos de nascimento de Darwin: publicaram algumas cartas que ele escreveu ou que ele recebeu nos dias de seu aniversário. Veja aqui.

Além disso, a editora Cosac Naify montou uma página especial para o bicenternário de Darwin e está oferecendo 50% de desconto na compra do livro Fique por dentro da evolução, da coleção Fique por dentro. O livro sai por míseros R$ 19.00.

Charles Darwin - Bicentenário

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poesia

Algernon Charles Swinburne (1837) – poeta inglês

12 fevereiro, 2009 | Por admin

Ontem vendi um livro cuja existência eu desconhecia. Com apenas 60 páginas, a pequena edição publicada pela editora Pontes traz o poema mais famoso do primeiro livro (1866) da trilogia Poems and Ballads, do inglês Algernon Charles Swinburne: Dolores.

Algernon Charles Swinburne nasceu a 5 de abril de 1837, em Londres. Estudou no Balliol College, em Oxford, mas abandonou a universidade antes mesmo de conseguir seu diploma, em 1860. Em 1864, a prima de Swinburne, Mary Julia Charlotte Gordon, anúnciou que iria se casar. O fato pode parecer irrelevante, mas os críticos atribuem esta notícia ap desapontamento de Swinburne refletido em alguns de seus poemas, como em Dolores.

Sua poesia provou-se única na esfera poética Inglesa. Entretanto, temas sadomasoquistas, lésbicos, fúnebres e anti-religiosos. causaram um inigualável escandalo por fazer escárnio de preceitos morais, religiosos e de padrões sociais Vitorianos.

Reconheço que é bem provável que eu nunca mais venda este livro. Tanto pelo fato de ser muito barato, R$ 8.40, e também por existir um projeto da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, chamado The Swinburne Project, que propõe-se a disponibilizar “toda obra original de Swinburne disponível e materiais de contextualização selecionados – reações de críticos da época, trabalhos biograficos e reproduções de quadros sobre os quais Swinburne escreveu.”

O endereço do The Swinburne Project é: http://swinburnearchive.indiana.edu/

DOLORES
(NOTRE-DAME DES SEPT DOULEURS)

Cold eyelids that hide like a jewel
Hard eyes that grow soft for an hour;
The heavy white limbs, and the cruel
Red mouth like a venomous flower;
When these are gone by with their glories,

What shall rest of thee then, what remain,
O mystic and sombre Dolores,
Our Lady of Pain?
Seven sorrows the priests give their Virgin;
But thy sins, which are seventy times seven,

Seven ages would fail thee to purge in,
And then they would haunt thee in heaven:
Fierce midnights and famishing morrows,
And the loves that complete and control
All the joys of the flesh, all the sorrows

That wear out the soul.
O garment not golden but gilded,
O garden where all men may dwell,
O tower not of ivory, but builded
By hands that reach heaven from hell;

Algernon Charles Swinburne

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Artes Plásticas

Mestres Latinoamericanos na Coleção FEMSA

11 fevereiro, 2009 | Por admin

Começa amanhã, 12 de fevereiro de 2009, a primeira exibição da Coleção FEMSA, maior companhia integral de bebidas da América Latina, no Instituto Tomie Ohtake, na sala onde estava exposto o conjunto de esculturas do brasileiro Franz Weissmann.

A Coleção FEMSA teve início em 1977 através da criação do Museu de Monterrey, que viu crescer seu acervo através de um bom programa de aquisições e generosas doações de particulares, artistas e de instituições. Segundo a FEMSA, a premissa é a de formar um acervo que mostre a evolução, pluralidade e riqueza da arte latino-americana, a partir do século XX (a obras mais antiga da coleção data de 1914), com destaque para a arte mexicana.

No site oficial da Coleção FEMSA, pode-se ler informações mais detalhadas sobre a instituição e conferir reproduções de uma parte do acervo.

A exposição foi chamada de Latitudes: Mestres Latinoamericanos na Coleção FEMSA, e ficará aberta até 5 de abril de 2009. A curadora é Rosa María Rodríguez Garza. Além disso, conta com uma quantidade razoável de artistas latinoamericanos, com 41 obras ao todo:

Antonio Berni, Jacobo Borges, Fernando Botero, Iberê Camargo, Leonora Carrington, Pedro Coronel, Olga Costa, Pedro Figari, Leonor Fini, José Gamarra, Oswaldo Guayasamin, José Gurvich, Alfredo Hlito, Arcangelo Ianelli, Frida Khalo, Wifredo Lam, Agustín Lazo, Romulo Maccio, Roberto Matta, Francisco Matto, Carlos Mérida, Guilhermo Meza, Alfonso Michel, Roberto Montenegro, Armando Morales, Gerardo Murillo, Carlos Orozco Romero, César Paternoso, Alfredo Ramos Martínez, Armando Reverón, Manuel Rodríguez Lozano, David Alfaro Siqueiros, Jesús-Rafael Soto, Rufino Tamayo, Luis Tomasello, Joaquín Torres García, Cordelia Urueta, Remedios Varo e Ángel Zárraga.

Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima 201, São Paulo – SP
11- 2245-1900
www.institutotomieohtake.org.br
Terça a domingo, 11-20h

Joaquín Torres-García 193

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Agenda

Conferência TOC – Tools of Change for Publishing

11 fevereiro, 2009 | Por admin

Começou no dia 9 de fevereiro de 2009 uma conferência em Nova Iorque pouco – ou melhor, nada – divulgada aqui no Brasil. A TOC, Tools of Change for Publishing, ou, Ferramentas para Mudança em Publicações,

Diz o site oficial da TOC que o evento tem como objetivo “decifrar as ferramentas de mudança na indústria editorial, além de auxiliar a percorrer o caminho através dos modismos efêmeros para um futuro vantajoso da editoração. Da criação, edição e criação do layout à distribuição e comercialização, novas tecnologias estão transformando todos os aspectos da editoração. Porém, quais das novas tecnologias são pertinentes? Qual proporciona oportunidades de negócios estimulantes? E quais perguntas estratégicas precisa-se considerar para adotar os novos modelos? Estas questões e muitas outras serão exploradas durante o TOC.”

Agora a noite a tag #TOC já está caótica no Twitter. Basta seguir as atualizações instantâneas – http://search.twitter.com/search?q=%23TOC – para perceber o quanto está sendo falado da conferência. Além disso, você pode seguir a própria TOC no Twitter: http://twitter.com/toc

A página do TOC está hospedando, como era de se esperar de uma conferência sobre editoração e publicação de conteúdo, a maioria das apresentações – em PPT -, fotos, vídeos e comentários diretos de Nova Iorque. No seguinte endereço: http://www.toccon.com/toc2009

Voltarei com uma cobertura mais detalhada outra hora. Divirtam-se.

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Literatura

Roberto Bolaño e W.G. Sebald

10 fevereiro, 2009 | Por admin

Estive lendo o blog Beyond Hall 8, que se auto-denomina uma plataforma para discussões sobre a publicação de livros, com uma perspectiva internacional, voltada para um público internacional. Além disso, o blog é patrocinado pela Feira do Livro de Frankfurt.

Num artigo de 29 de janeiro deste ano – 2009 -, o autor, Edward Nawotka, faz um comentário e dá o seu palpite sobre o prêmio Best Translated Book of 2008 [Melhor Livro tradução Traduzido – para o inglês – de 2008]. A aposta é que o romance 2666, de Roberto Bolaño, traduzido do espanhol por Natasha Wimmer, será o vencedor tanto do Best Translated Book of 2008 quanto do National Book Critics Circle.

Entretanto, o mais interessante do artigo vem logo em seguida. Nawotka pondera se o interesse por Bolaño irá se sustentar por muito tempo e, principalmente, nos faz lembrar que, há alguns anos atrás, W.G. Sebald atravessou um fase similar de interesse dos leitores e da crítica, mas sumiu de vista nos dias de hoje.

W. G. Sebald, alemão, faleceu num acidente de carro há 8 anos, em dezembro de 2001. O autor é pouco conhecido no Brasil. Um reflexo disto pode ser visto no fato de que, na enciclopédia Wikipedia, não há o artigo do escritor em nossa língua.

Sebald teve dois de seus romances publicados pela Companhia das Letras no ano passado (2008). Austerlitz, de 2001, e Vertigem, de 1990, ambos traduzidos por José Marcos Mariani Macedo. Os outros dois títulos públicados em português são da editora Record: Os Anéis de Saturno, de 1995, e Os Emigrantes, de 1992.

A revista Trópico publicou, na época do lançamento de Os Anéis de Saturno, em 2002, um ótimo artigo sobre o escrito alemão. Assinado por Flavio Moura, o texto revela que “o culto a uma morbidez silenciosa, a um mundo de sombras que já desistiu de se iluminar, é uma constante nos livros do autor” e “em certas passagens temos a impressão de que o narrador é um médico com olhos apenas para as enfermidades, sejam elas perpetradas pela passagem do tempo ou pela ação do homem.”

Leia o obtuário de W. G. Sebald no The Guardian.

Sobre Austerlitz, o último romance de W. G. Sebald:

“O professor de história da arquitetura Jacques Austerlitz explora a estação ferroviária de Liverpool Street, em Londres, coletando material para pesquisas, quando é tomado por uma visão que talvez o ajude a explicar não a ‘arquitetura da era capitalista’, mas o sentimento incômodo de ter vivido uma vida alheia. A partir dessa experiência, suas andanças pelas ilhas britânicas e pelo continente europeu, sua mania fotográfica e sua memória minuciosa ganham ímpeto bem mais que acadêmico – Austerlitz passa a reconstruir sua própria biografia. Para cumprir a tarefa – ou seu destino -, o herói do romance terá de ir e vir entre várias décadas, muitos países e os cenários mais díspares – um lar protestante no interior de Gales, um internato britânico, uma biblioteca em Paris, fortificações, palácios, campos de concentração, monumentos e banheiros públicos. No fim da viagem – que converterá a biografia mais íntima do professor em cifra da história européia no século XX -, está o momento em que tudo começou, com outros nomes, em outra língua, em outra estação ferroviária, quando os horrores da Segunda Guerra começavam a se anunciar.”

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cinema

Moby Dick, Woody Allen e Carta a D.

10 fevereiro, 2009 | Por admin

O site da Cosac Naify ostenta, em sua belíssimo página em preto e branco, uma coluna com os livros mais vendidos pela editora no ano passado, 2008. As três primeiras posições – como o título deste artigo já denunciou – são, nesta ordem:

Carta a D. – História de um amor, do austríaco André Gorz;

Moby Dick, de Herman Melville;

Conversas com Woody Allen, entrevistas a Eric Lax.

Carta a D., o primeiro colocado, foi lançado há exatamente 1 ano. No longínquo mês de fevereiro 2008. 5 mil exemplares do livro saíam das máquinas de impressão off-set da gráfica e caíam nas mãos dos leitores, em regozijo, que não tardariam a esgotá-los das prateleiras.

Moby Dick, de abril de 2008, ganhou fama por trazer a íntegra da obra, um glossário de termos náuticos, bibliografia, a relação das edições já lançadas no Brasil e fortuna crítica, além de um mapa onde pode-se acompanhar onde se passam os episódios que marcaram a nau comandada pelo capitão Ahab. Além disso tudo, virou ícone Pop ao ser declarado livro de cabeceira pelo presidente eleito norte-americano Obama.

Conversas com Woody Allen, o último dos três a ser lançado, em novembro de 2008, passou por sua 1a reimpressão já no mês seguinte, e reune, em 36 anos de conversa, todo o processo cinematográfico do diretor e suas reflexões. Foi matéria de capa da Bravo!, que aproveitou o lançamento de seu último filme Vicky Cristina Barcelona.

Se isso tudo bastasse, estaríamos todos satisfeitos. Lidos os três livros, resenhas feitas, diálogos travados, não haveria nada além de um lugar na estante ou um sebo afortunado. A questão aqui é que, partindo do princípio que este artigo está sendo veiculado num blog que reverbera os acontecimentos e opiniões de uma Livraria, e de seu respectivo Livreiro, nenhum exemplar desses 3 livros foi sequer vendido – desde o lançamento de Carta a D., há um ano – nesta humilde Livraria virtual que chamamos de 30PorCento.

Eis o desabafo editorial, que desmerece o conteúdo do blog por sua índole mercantil, mas que fazia-se necessário.

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cinema

Phaidon compra a Cahiers du Cinéma

9 fevereiro, 2009 | Por admin

Recebi uma ótimo notícia através do twitter. José Afonso Furtado– @jafurtado-, diretor da biblioteca de arte da Fundação Calouste Gulbenkian, relatou a compra da famosa revista de crítica cinematografica Cahiers du Cinéma pela editora Phaidon. Aos poucos que não conhecem a Phaidon, é uma editora que foi fundada em Viena em 1923, e é reconhecida mundialmente por seu primor gráfico, publicando principalmente livros de artes-visuais.

Muitos acham que a Cahiers du Cinéma estava em franca decadência. A revista foi fundada em 1951 por André Bazin, Jacques Doniol-Valcroze e Joseph-Marie Lo Duca.

A revista passou por períodos conturbados durante sua história. Serge Toubiana, atual diretor da Cinemateca Francesa e antigo redator-chefe dos Cahiers du cinéma, conta, num prefácio do livro A Rampa, de Serge Daney, que “entre os anos de 1971 e 1973, os Cahiers du cinéma conheceram um período muito politizado: ruptura com o partido comunista, influência ideológica da China e da Revolução Cultural proletária, aprendizagem trabalhosa do marxismo-leninismo – versão althusseriana. Ao mesmo tempo, essa concordância ou simultaneidade teve repercussões essenciais sobre o modelo de escrita da época, juntamente com o fascínio dos redatores por teóricos como Jacques Lacan, Roland Barthes e Louis Althusser. Era o chamado período “estruturalista” dos Cahiers. (…)

Registrou-se, no fim do verão de 1973, uma grave crise nos Cahiers du cinéma. De um lado, os que se mantêm na linha dura marxista-leninista; de outro, vários redatores, entre eles Serge Daney, que desejam romper com o dogmatismo político.”

Em 1998 a revista foi comprada pelo grupo Le Monde. A Cahiers du cinéma passou por uma reformulação em 1999 para conquistar novos leitores, tornando-se uma revista que contemplava todas as artes-visuais de abordagem pós-modernista.

Richard Schlagman, dono da Phaidon e editor, disse estar determindo a “mais uma vez fazer com que a Cahiers du cinéma tenha um papel principal no mundo da cinematografia e indispensável aos seus participantes e aspirantes.”

A revista está no número 642, e traz na capa uma foto do diretor Clint Eastwood, com uma análise crítica de seu recente Gran Torino, além de artigos sobre o Curioso Caso de Benjamin Button e Shirin, do iraniano Abbas Kiarostami.

Cahiers du cinéma 642

A Rampa, de Serge Daney. Cahiers du cinéma, 1970-1982. Cosac Naify.
A Rampa – Cahiers du cinéma [1970-1982] de Serge Daney. Por R$45,50 na Livraria 30PorCento.

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Literatura

Mário de Andrade – Cabocolinhos

9 fevereiro, 2009 | Por admin

Em seu diário de viagem de 1928, a bordo da caravana da descoberta do Brasil que Mário de Andrade chamou de trabalho etnográficas, que foi publicado em livro pela Editora Itatiaia e que recebeu o nome de O Turista Aprendiz, há uma entrada no dia 5 de fevereiro de 1928, às 23 horas, na Paraíba:

“Uma das nossas danças dramáticas de que menos se tem falado são os Cabocolinhos. A culpa dessa ausência de documentação vem dos nossos folcloristas, quase todos exclusivamente literários. O que se tem registrado nos nossos livros de folclore é quase que unicamente a manifestação intelectual do povo, rezas, romances, poesias líricas, desafios, parlendas. O resto, moita.
Ora, os Cabocolinhos são caracteziadamente um bailado. Se dança. Não tem cantigas e só de longe em longe uma fala, tão esquematizada, tão pura que atinge o cúmulo da força emotiva. Imaginem só: fazia já mais de uma hora que o pessoal estava dançando, dançando sem parada, com fúria. Matroá é uma das figuras importantes do baile. É o caboclo-velho, de-certo, espécie de pajé da figuração tribal da dança. De-repente Matroá principiou uma coreografia de arquejo, brutal, braço esquerdo engruvinhado, com o arco por debaixo, duas mãos no peito, segurando a vida. Cada vez mais. Curvando, curvando, já levantava os pés custoso. O apito bateu duas feitas, parou tudo. O Reis falou pra Piramingu, Caboclo menino:
‘- Piramingu!
– Sinhô.
– Mataram nosso Matroá.
Tururu, tarára, tururu, tarára…’ A solfa continuou. O bailado se moveu de novo e Matroá foi enrolando uma perna na outra, já não levantava pé do chão mais não. Levou uns 10 minutos se movendo em pé, difícil de morrer como em todos os teatros e na vida.
Isso é que é perfeição! Fiquei tonto. Aquelas palavras puras, só aquilo. Fiquei com dó, não sei como fiquei, fiquei tonto, está certo, numa comoção danada.”

A documentação sobre os Cabocolinhos está nas Danças Dramáticas do Brasil, da Editora Itatiaia; pode ser adquirido na Livraria Cultura por R$100,00.

Há também um vídeo no Youtube cujo título ostenta o nome Cabocolinho. Entretanto, após a leitura do texto descritivo de Mário de Andrade, fica difícil crer que a tal interpretação do Coral Lourdes Guilherme, regido por Ana Judite, aproxime-se sequer da força da dança que Mário de Andrade presenciou naquele 1928.

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Artes Plásticas

Nicolas Poussin

9 fevereiro, 2009 | Por admin

Escrevi recentemente um artigo sobre a restauração da maior obra de Poussin, Hymenaeus Travestido Durante Um Sacrifício a Príapo (leia aqui). Lendo um ensaio no volume 1, O mito da pintura, da coleção A Pintura, textos essenciais, da editora 34, deparei-me com um texto de um antiquário italiano, Giovanni Pietro Bellori, que havia entrado em contato com os pintores da pequena “colônia” francesa em Roma – Nicolas Poussin e Charles-Alphonse Du Fresnoy.

Diz o texto introdutório que Bellori teve a oportunidade de observar Nicolas Poussin, seus habitos e sua vida cotidiana. Transcrevo o texto de Bellori que é um trecho de seus escritos Le vite de’ pittori, scultori et architetti moderni:

Vida de Nicolas Poussin

[…] Dessa maneira, Poussin trabalhava suas belas concepções e, solicitado de todos os lados a pintar, recusava-se, aceitando somente aqueles trabalhos que pudesse produzir num determinado tempo, pois não queria despender mais anos com os quadros do que havia prometido, nem costumava prolongar-lhes a execução. Tinha ele um estilo de vida extremamente ordenado, porque muitos são aqueles que pintam por capricho e, durante algum tempo, com grande ardor, mas depois se cansam e, por um grande período, deixam os pincéis. Nicolas tinha o costume de levantar-se cedo e fazer exercícios durante uma hora ou duas, às vezes caminhando pela cidade, mas quase sempre pelo monte da Trinità, que é o monte Pincio, não distante de sua casa, ao qual se chega por uma pequena e deliciosa ladeira de árvores e fontes, e de onde se divisa uma belíssima visão de Roma e de suas colinas amenas, que, ao lado de seus edifícios, costituem palco e platéia. Ali entretinha-se com seus amigos em curiosos e doutos discursos. Ao voltar para casa, sem interrupção, punha-se a pintar até o meio-dia e, depois de descansar o corpo, pintava ainda por algumas horas. E assim, por meio de estudo contínuo, realizou uma obra maior do que qualquer outro pintor com mais habilidade prática. À noite saía novamente e caminhava ao pé do mesmo monte ou pela praça, entre os estrangeiros que costumam frequentá-la. Estava ele sempre sempre rodeado de seus familiares, que o seguiam, e aqueles que pela fama desejavam vê-lo e conversar com ele amigavelmente, encontravam-no lá, que admitia em sua presença qualquer homem de bem. Ouvia com prazer os outros, e gravíssimos eram os seus discursos, recebidos com atenção; falava com frequência sobre arte, e com tanta eloquência que não somente os pintores, mas também os homens de engenho vinham aprender de sua boca os mais belos sentidos da pintura; não tinha o desejo de ensinar, mas nessas ocasiões discursava. Tendo ele lido muito e muito observado, não havia nada em seu falar que não tivesse contemplado, e suas palavras e seus conceitos eram de tal modo apropriados e ordenados que pareciam não fruto do momento mas de longos e meditados estudos. Isso era fruto de seu bom gênio e da leitura variada, não digo que de histórias, fábulas e erudições somente, nas quais se destacava, mas de outras artes liberais e da filosofia. Para esse fim, ele se servia de sua memória da língua latina, ainda que imperfeitamente, e sabia tão bem a italiana como se lá houvesse nascido. Era perspicaz no entender, no escolher e no conservar tudo na memória, que são os dons mais desejáveis da mente. Prova de seu saber são as figuras que ele desenhou no tratado de pintura de Leonardo da Vinci, impresso com seus desenhos em Paris, no ano de 1651.

fonte: Giovanni Pietro Bellori, Le vite de’ pittori, scultori et architetti moderni, Roma, Arnaldo Forni Editore, 1977, fac-símile da edição de 1672, pp. 435-6

tradução: Ana Elvira Luciano Gebara

Hymenaeus Travestido Durante Um Sacrifício a Príapo

Hymenaeus Travestido Durante Um Sacrifício a Príapo, de Poussin

Regina Costa Pinto Moreira, restauradora de renome e de vasta experiência, que será a responsável pela restauração:

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Agenda

Indicação para alunos entre 11 e 14 anos

8 fevereiro, 2009 | Por admin

Recebi um email agora a pouco de uma professora de redação do ensino fundamental II numa escola da cidade de Sertãozinho, SP, cujos alunos têm entre 11 e 14 anos, interessada em adotar alguns títulos da coleção infanto juvenil da editora 34. Enviei os links do google books dos livros que ela pediu, e achei uma boa indicação:

A pequena marionete, de Gabrielle Vincent
http://books.google.com/books?id=DBR7PTBQvI8C&pg=PT80#PPP1,M1

As aves, Aristófanes
http://books.google.com/books?id=dO75qw7HlukC&pg=PP1

Tudo tem a sua história, de Duda Machado
http://books.google.com/books?id=ZRnZnRbQi30C&printsec=frontcover#PPP1,M1

O jardim secreto, de Frances H. Burnett
http://books.google.com/books?id=BA5XP3EAMXEC&printsec=frontcover

Histórias da pré-história, de Alberto Moravia.
http://books.google.com/books?id=cTGkfpJjhi0C&pg=RA1-PA240#PPP1,M1

Todos os livros estão disponíveis no site da Livraria 30PorCento.

A pequena marionete, As aves, Tudo tem a sua história, O jardim secreto, Histórias da pré-história.





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Literatura

Os Cartéis da Literatura

7 fevereiro, 2009 | Por admin

Lendo recentemente a edição online da revista N+1, sobre a qual publiquei um tópico aqui no meia – Suplemento de Resenhas da N+1 -, me deparei com um artigo que “sugeria” que poderia haver uma parceiria entre o National Book Critics Circle, sobre o qual escrevi aqui, e a Amazon Breakthrough Novel Award.

O artigo me lembrou de um outro artigo que escrevi em meu blog também “sugerindo” uma Formação de cartel nos prêmios literários de língua portuguesa.

Recomendo que leiam o artigo do N+1 e o meu artigo no blog e reflitam sobre essas tendências mercadológicas do mundo dos livros.

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