Arquivo da tag: sociologia

matraca

Mobilidade social

9 junho, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Fotografia de Martin Parr, da série “Common sense”

Lançamento, o livro O mito da grande classe média: capitalismo e estrutura social, de Marcio Pochmann, procura analisar a emergência de novos setores sociais no país, acompanhada por uma nova agenda de demandas e lutas. Emergência que seria resultado, em grande parte, do sucesso das políticas econômicas e sociais adotadas na última década. Esses setores sociais podem desempenhar um papel essencial no processo eleitoral deste ano, oferecendo-se como fatia a ser disputada.

A interessante análise vem publicada pela Boitempo editorial e tem, como prefácio, texto de Marilena Chauí.

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história

Pelas fronteiras coloniais

26 maio, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Manuscrito de Francisco José de Lacerda e Almeida

O livro Francisco José de Lacerda e Almeida – Um astrônomo paulista no sertão africano é um interessante estudo sociológico, antropológico, histórico e biográfico, realizado por Magnus Roberto de Mello Pereira e André Akamine Ribas.

Lacerda e Almeida, como muitos brasileiros no século XVIII, estudou na Universidade de Coimbra, na qual estudou Matemática e Astronomia. Assim que se formou, foi contratado pela coroa para integrar a comissão de demarcação das fronteiras entre os territórios americanos de Portugal e Espanha, pelo que passou dez anos no Mato Grosso. Lacerda e Almeida posteriormente voltou a Portugal, onde se tornou professor de astronomia; em 1797 foi incumbido de atravessar a África, de Moçambique a Angola. Morreu no sertão africano, sem conseguir cumprir sua missão. A demarcação das fronteiras da América do Sul e a expedição de travessia da África estão entre as maiores aventuras científicas do século XVIII.

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matraca

Aprendizagem e instrução

23 maio, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Ivan Illich (Viena, 1926 – Bremen, 2002) foi um intelectual que teceu uma série de críticas às instituições da cultura moderna. Pensador da ecologia política, ele foi uma figura importante da crítica da sociedade industrial. Seu livro mais conhecido é Sociedade sem escolas, publicado em 1971, no qual desenvolve uma profunda crítica à institucionalização da educação nas sociedades contemporâneas. Utilizando exemplos que mostram a natureza ineficaz da escolarização, ele defende a aprendizagem autodidata baseada em relações sociais intencionais, uma intencionalidade fluida e informal. Ele indica uma necessidade de se chegar a um entendimento prévio sobre o que se entende por “escola” e propõe o que chama de “fenomenologia da escola pública”: sua definição entende a “escola” como um processo, que requer assistência de tempo integral a um currículo obrigatório, em certa idade e com a presença de um professor.

Segundo Illich, metade dos habitantes do planeta jamais colocou os pés numa escola ou teve contato com professores e, entretanto, ainda assim aprende com relativa eficiência “a mensagem transmitida pela escola: precisam de escola sempre e sempre mais”. A escola “os instrui na sua própria inferioridade […]. Desse modo os pobres são despojados de sua autoestima, pela submissão a uni credo que garante a salvação apenas pela escola”. Continue lendo

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cinema

Sondagens, exploração, sobrevôos

22 maio, 2014 | Por Isabela Gaglianone

cena de “Ladri di Biciclette”, de Vittorino de Sica

Lançamento de hoje, o livro O que é o cinema?, de André Bazin, traz uma coletânea de ensaios fundamentais, não só sobre questões do cinema em si e de sua história, mas articulando-as a suas relações com a filosofia, com a própria ideia de representação, com fotografia, teatro e literatura. Bazin tece uma crítica versátil, clara e instigante. Seus ensaios são reflexões estimulantes, que transitam da escola italiana e soviética ao universo do western e das pin-ups. Mas o autor adverte, o título “não é bem a promessa de resposta, mas antes o enunciado de um problema que o autor se colocará ao longo das páginas”.

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Literatura

Preta é a minha pele. Preto é o lugar onde eu moro.

14 abril, 2014 | Por Isabela Gaglianone

A realidade é muito mais bonita do que o sonho.

A escritora Carolina de Jesus, conhecida por Quarto de despejo (1960), é uma singular figura literária: catadora de papel, tornou-se escritora e foi descoberta pelo jornalista Audálio Dantas que, em meio a uma reportagem, na favela do Canindé, em São Paulo, surpreendeu-se ao vê-la ameaçando seus vizinhos de que os incluiria em um livro.

Como conta Maurício Meireles, em artigo para O Globo, ele “se aproximou e pediu para ver o tal livro. Ao chegar no barraco de Carolina, pôde ver as anotações feitas pela mulher em cadernos — vários deles catados no lixo. Mais tarde, Audálio descreveu o cotidiano dela: “Se tem pão, come e dá aos filhos. Se não tem, eles choram, e ela chora também. O pranto é breve, porque ela sabe que ninguém ouve, não adianta nada”. Segundo Audálio Dantas, a obra de Carolina de Jesus “tem tanto interesse como documento quanto do ponto de vista da criação. Ela descrevia seu dia a dia com muita força, com interpretações inteligentes”.

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matraca

Do assassinato de Leon Trotski

3 março, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Ótimo lançamento da editora Boitempo, a premiada obra O homem que amava os cachorros, escrita pelo cubano Leonardo Padura é e não é uma ficção. A história retoma os últimos anos da vida de Leon Trotski, seu assassinato e a história de seu algoz, o catalão Ramón Mercader, o homem que empunhou a picareta – um personagem sem voz na história mas que recebeu, como militante comunista, esta única tarefa: eliminar Trotski, o teórico russo e comandante do Exército Vermelho durante a Revolução de Outubro, que fora exilado por Joseph Stalin. São descritas a adesão de Mercader ao Partido Comunista espanhol, o treinamento em Moscou, a mudança de identidade e os artifícios para ser aceito na intimidade do líder soviético, numa série de revelações que preenchem uma história dissimulada e mistificada.

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matraca

Tradição e traumatismos

17 fevereiro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Antonio Candido é um dos mais relevantes intelectuais do país. Dentre suas obras, consideradas estudos críticos fundamentais para a teoria literária, A formação da literatura brasileira é uma referência que vem dando as diretrizes para os estudos de literatura no país, das escolas às universidades. Candido iniciou seus estudos na área de sociologia e essa bagagem teórica conferiu a suas reflexões literárias um dimensionamento mais abrangente. O contrário também pode ser dito: sua tese Os parceiros do Rio Bonito surgiu do desejo de analisar as relações entre literatura e sociedade, partindo de uma pesquisa sobre a poesia popular do Cururu – uma dança cantada do caipira paulista – cuja base é um desafio sobre os mais vários temas, em versos de rima constante, denominada carreira, que muda depois de cada rodada.  Continue lendo

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matraca

Lamentável uniforme tecido pela incompreensão

10 janeiro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Frantz Fanon foi um dos mais relevantes pensadores da descolonização. Psiquiatra intelectualmente engajado na luta pela independência da Argélia, seus trabalhos analisam as psicopatologias da colonização e abordam, além dos aspectos propriamente psiquiátricos, também o viés sociológico e filosófico decorrente da vivência das atrocidades da guerra pela libertação.

Em Pele negra máscaras brancas, publicado no Brasil pela editora da Universidade Federal da Bahia, (EDUFBA) e traduzido por Renato da Silveira, Fanon examina a negação do racismo contra o negro na França, analisando um axioma que causou polêmica nas décadas de 1960 e 1970: como uma ideologia que ignora a cor pode apoiar o racismo que nega.

O indiano Homi K. Bhabha, importante teórico dos estudos pós-colonias (autor de O local da cultura, publicado pela editora da UFMG), no ensaio “Interrogando a identidade”, diz: “Ler Fanon é vivenciar a noção de divisão que prefigura – e fende – a emergência de um pensamento verdadeiramente radical que nunca vem à luz sem projetar uma obscuridade incerta. Fanon é o provedor da verdade transgressiva e transicional. […] Sua voz é ouvida de forma mais clara na virada subversiva de um termo familiar, no silêncio de uma ruptura repentina: O negro não é. Nem tampouco o branco”.

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lançamentos

Mulheres brasileiras imigrantes na Holanda

14 janeiro, 2009 | Por admin

“Depois de visitar a Holanda algumas vezes, Luciane Pinho de Almeida ficou bastante intrigada ao observar que o grupo de brasileiras que viviam naquele país aumentava e decidiu investigar a razão disso.”

A editora UNESP é conhecida por possuir publicações dos mais variados assuntos, pois edita principalmente pesquisas acadêmicas. O último lançamento que recebemos hoje através do boletim que a editora envia por email trata, por um lado, de uma análise sociológica da vida na sociedade holandesa, e também de um diagnóstico antropológico, através de entrevistas, da vida das imigrantes brasileiras.

Para além das nossas fronteiras: mulheres brasileiras imigrantes na Holanda.

O livro examina as relações entre a globalização e as correntes migratórias, o mercado regularizado de prostituição
e as dificuldades com a língua e o clima.

A autora, Luciane Pinho de Almeida, é professora nos cursos de Serviço Social e Pedagogia e diretora de Assuntos Comunitários da Serviço Social e Pedagogia pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), e doutora em Serviço Social pela Unesp.

Na Internet

 
No blog da Daniela Alves, cujo subtítulo é: base de dados sobre o tráfico da vida humana, há a seguinte informação: “as principais rotas do tráfico de brasileiras para os Países Baixos partem da região amazônica, com escala no Suriname, país que faz fronteira com os estados do Pará e Amapá. Um relatório da ONG Fórum da Amazônia Oriental revela que das 241 rotas de tráfico de seres humanos identificadas no Brasil, 76 passam pela região Norte.”

Apesar da prostituição ser uma profissão legalizada na Holanda, os atos criminosos estão relacionados à imposição da prostituição das imigrantes ilegais e o estelionato, como mostra uma reportagem de outubro de 2008, do Globo: Polícia da Holanda prende três acusados de obrigar brasileiras a se prostuírem

No site do Consulado-Geral do Brasil em Roterdã, http://www.brazilianembassy.nl, há uma lista de instituições que prestam apoio social e psicológico a mulheres brasileiras. São elas: Basisberaard Rijnmond, Dona Daria, Fundação contra o tráfico de mulheres (Stichting tegen Vrouwenhandel) e o Instituto de Psiquiatria Intercultural (I-Psy).

Por fim, um site com informações diversas sobre a população brasileira na Holanda é: http://www.brasileirosnaholanda.com/; onde, provavelmente, o mais interessante é a lista de blogs de pessoas que estão por lá, como o http://drinaholanda.blogspot.com/.

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